sábado, julho 26, 2008

Do que gostamos e nem sempre precisamos...

O iPhone 3G da Apple nem foi lançado no Brasil, e já coleciona algumas críticas por alguns itens de que não dispõe, entre eles a impossibilidade de se fazer vídeo-chamadas, enviar mensagens multimídia, fazer chamadas por voz, gravar vídeos e mais algumas facilidades que independentemente de serem ou não utilizadas, já nos acostumamos a ter em nossos celulares.
Esse é o ponto, será que os itens que nos levam a trocar de máquina fotográfica, de DVD, de TV ou do bom e velho aparelho celular, são de fato necessários ou importantes a ponto de nos fazer mexer na carteira em troca de determinadas facilidades, que nem sempre serão desfrutadas?
Luiz Gracioso, professor da ESPM e diretor presidente da ESAMC diz em seus cursos de marketing, que os consumidores escolhem os equipamentos com mais funcionalidades, ou mais “botões” para que não se estressem, ou seja, é mais fácil comprar o modelo de equipamento cujo controle remoto tenha mais botões, do que ter a árdua tarefa de estudar as especificações de cada um dos milhares de equipamentos que encontramos nas lojas de eletrônicos, nesse sentido é reconfortante sabermos que está ao alcance de nossas mãos um poderoso controle remoto, com dezenas de teclas, que nem sabemos ao certo para que servem, além de ligar a TV, trocar de canal e aumentar o volume.
Por outro lado, existe uma tendência mundial de se simplificar produtos e serviços, exatamente para que as pessoas não se estressem. Complicado não? Nem tanto, pois simplicidade não significa poucos recursos, mas demanda certa habilidade no manuseio, é o caso dos equipamentos Apple, que com poucas teclas permitem dezenas de funções e facilidades.
Meu filho comentava que alguns amigos da escola, apesar de possuírem aparelhos celulares que permitem acesso 3G há meses, ainda não haviam configurado os aparelhos ou sequer utilizado a funcionalidade de acesso à Internet banda larga no celular.
Se não atentarmos para a utilização de novas tecnologias e facilidades, o preço a ser pago é grande, e ao invés de concorrer por tornar nossas vidas mais fáceis, podem tender a simplesmente tomar mais o nosso, já escasso, tempo!

terça-feira, julho 22, 2008

Eleições 2.0


Acompanhamos a evolução da campanha eleitoral de Obama nos Estados Unidos, que teve grande parte de sua vantagem sobre a senhora Clinton claramente apoiada sobre a Internet, em especial nos sites de relacionamento social como Facebook e Myspace, além de seu Blog pessoal, onde o candidato inteligentemente respondeu a questões relativas a seu programa de governo e sempre que possível, expunha-se pessoalmente para estabelecer diálogos abertos e sólidos junto a seus pretensos eleitores.
Entendo que a Internet não melhora nem piora a imagem de ninguém, apenas facilita a comunicação com os eleitores e seus candidatos, de forma que as idéias e projetos possam ser melhor discutidos e amplamente debatidos, antes de serem colocados em prática. Nessa situação, configura-se como importante ferramenta de nivelamento de expectativas e de projetos sociais, que encontram nesse ambiente um lugar propício e democrático para fortalecer o debate político.
Outra grande vantagem do meio eletrônico sobre o meio convencional (santinhos, comícios, debates, carreatas, e etc) é o seu custo. Na Internet consegue-se acesso imediato a milhões de pessoas por custos muito baixos, viabilizando campanhas mesmo a políticos que não disponham de tantos meios para entrar em uma campanha tradicional – o que definitivamente não era o caso de Obama.
E como tudo que diz respeito a web 2.0, devemos ressaltar a sua principal característica que é a interatividade. É aqui que mora o maior esteio e mais importante aspecto a ser observado na sua utilização, pois é através dela que conseguimos saber o que as pessoas pensam a respeito de determinados assuntos, como preferem que eles sejam encaminhados, que temas lhes parecem prioritários e todo o tipo de relacionamento saudável que um representante do povo deve ter com seus eleitores. No sistema eleitoral vigente, sobressai-se quem possui as melhores condições financeiras ou possui o apoio de seu partido e não efetivamente aquele candidato que possui as melhores respostas para as expectativas de seu eleitorado, pois a divulgação dessas idéias, bem como a coleta dos anseios dos eleitores através de pesquisas é muito caro, e nunca é acessível ao candidato iniciante ou que não possui forte relacionamento com seu partido, e isso praticamente elimina as chances dos novatos na política, e como o que mais queremos ver é a renovação política, que venha a eleição 2.0 também para o Brasil!

sábado, julho 12, 2008

Nerds


O termo Nerd vem sendo utilizado desde a década de 60 para descrever o jovem ligado à tecnologias, estudioso, fora de moda, cheio de livros embaixo do braço, com espinhas na cara e com a cintura da calça muito próxima do peito. Bem, essa costumava ser a definição do termo, muito provavelmente influenciado pelo incômodo que a performance desses jovens provocava nos demais alunos, nem tão brilhantes na escola. Mas o significado desse termo foi mudando com o tempo, e atualmente, ao procurar na Wikipedia vemos que Lia Portocarrero define Nerd como o rapaz ou moça que nutre obsessão por algum assunto a ponto de pesquisar, colecionar, fazer música, escrever sobre o assunto e não sossegar enquanto não descobrir tudo a respeito do objeto de seu interesse, ou seja é o sonho de todo professor. Mas então porque os professores e escolas não despertam esse interesse “nerd” em seus alunos? Simples, porque isso só brota no que os jovens acreditam e achem que valha a pena, e nem sempre a escola se enquadra nessa definição. Aliás segundo Rubem Alves, a criança não gosta da escola primeiro porque não vê sentido no que está sendo ensinado e segundo porque os professores também não sabem para que têm que ensinar aquilo que algum burocrata escreveu no conteúdo programático de seu ano letivo, que pouco difere do que nossos pais ou avós aprenderam. Ora, se a maior parte de nosso conhecimento muda a cada 30 meses, imagina que sentido faça estudar algo que foi ensinado a nossos avós!
Hoje vemos nossos jovens dedicarem várias horas aos estudos de seus jogos de interesse, comunidades, esportes prediletos, relacionamentos, bandas, geringonças eletrônicas recém lançadas (meu filho demorou menos de uma semana para dominar totalmente o seu Iphone...), e também os vemos gastarem horas e horas frente aos livros escolares, ou pior, frente às apostilas, e oferecendo aquele olhar de desinteresse que somente os que são pais de adolescentes sabem reconhecer.
Será que essa saga de forçá-los a estudar aqueles assuntos que sabemos não serem importantes no seu futuro, e que servirão apenas para tentarem entrar na universidade, sendo imediatamente esquecidos após essa fase, faz algum sentido? Não seria melhor destinar-lhes cada segundo disponível que tivéssemos para explicar-lhes o que de fato fará diferença nas suas vidas ou mesmo mostrar-lhes o quanto o mundo está mudando rapidamente e o tempo todo? E viva Rubem Alves!

domingo, julho 06, 2008

Todo mundo se aposenta



E chegamos finalmente ao dia em que mister Gates se aposentou. Apesar de sua empresa, a Microsoft não estar vivendo um de seus períodos mais brilhantes, é inegável a sua contribuição nesses mais de 30 anos em que esteve à frente da empresa, pois são quase 80 mil funcionários, construiu uma fortuna pessoal de mais de 58 bilhões de dólares e sua empresa está presente em mais de 100 países.
Apesar do mercado de informática ser extremamente ativo e mudar a cada segundo, todo o império da Microsoft foi construído sobre dois produtos, o Windows e o Office.
Ele deixa a Microsoft para seu sucessor (mais um louro na sua carreira, pois soube criar um sucessor) Steve Ballmer e certamente será lembrado de várias formas: Existe o Bill Gates bilionário, terceira pessoa mais rica do mundo, também temos o Bill Gates monopolista que enfrentou ações anti-trust na Europa e Estados Unidos, ações essas que causaram cicatrizes profundas em sua empresa e quase foram motivo de uma cisão, e por fim o Gates nerd, principal arquiteto de produto da mais poderosa empresa de software do mundo. Empresa essa que ousou tirar da IBM o título de maior empresa do mundo da informática. Curiosamente agora, a Microsoft vê sua posição no mundo da Internet ameaçada pelo Google. Nesse sentido, eventualmente a saída de Gates pode significar uma mudança positiva na estratégia da empresa, que sempre foi a de ter um PC em cada residência rodando Windows ou tendo o Office instalado. O Google por outro lado, vem trabalhando para oferecer aplicativos com a mesma função gratuitamente de modo não residente, ou seja, acessados via internet. Apesar do apelo da gratuidade, ainda é muito mais confortável trabalhar com programas residentes, do que acessá-los através da web.
Ciente do cenário em que sua empresa se encontra inserida, Bill Gates deixa o cargo de principal executivo para Ballmer, e promete assistir de fora, os próximos capítulos daquela que promete ser a novela de tecnologia mais acalorada dos últimos tempos. Independentemente da visão que tenhamos desse empreendedor do mundo dos softwares, para mim é claro e cristalino a sua contribuição para o atual estágio em que nossa tecnologia se encontra no momento. No capítulo de frases infelizes, cabe ressaltar que ele declarou que, apesar de ter dito várias delas, nunca pronunciou aquela fatídica afirmação de que 640 kbytes seria memória mais que suficiente para qualquer máquina, isso, declara Gates, é mera lenda urbana!
Nesse link você pode ver o vídeo produzido pelo próprio Gates sobre o dia de sua aposentadoria.