domingo, agosto 23, 2009

As grandes inovações e a frustrante tentativa de advinhá-las.


A inovação já faz parte de nossas vidas, assim como a internet e os mais recentes usos e facilidades associados a ela, basta abrir qualquer exemplar da revista Veja para se deparar com uma infinidade de artigos falando sobre a tecnologia e algumas malfadadas previsões a respeito de como será nossa vida no futuro, em decorrência das facilidades com que se nos deparamos diariamente.
Sempre que vejo alguma previsão de futuro, a primeira coisa que faço é verificar se faz sentido, se há alguma conexão com o presente, e se já existem empresas trabalhando naquele sentido, se essas perguntas receberem respostas positivas, essas previsões não têm valor, no máximo indicarão algumas tendências que podem ou não acontecer, e que se ainda não sabíamos pode ser apenas questão de não estar suficientemente atualizados, ou como se diz nesse meio, up to date!
Digo isso pois as grandes inovações, com real poder de impactar nossas vidas, normalmente foram descobertas por acaso, ou no mínimo foram desenvolvidas para outro fim. Foi assim com a internet, que tinha pretensões militares - nada mais restrito e limitado; com o Viagra (não estávamos falando de tecnologia?), com a tecnologia touch screen (que foi rechaçada por anos, até ser amplamente aceita nos antigos Palms e agora atingir sua massificação através dos iPhones), sem falar nas inovações e invenções que foram dadas inclusive como fracassos, como por exemplo a meia de nylon feminina, que resultou de uma experiência mal sucedida de descoberta de um novo polímero pela DuPont, que classificou o resultado como insatisfatório, dado o seu baixo ponto de fusão...
Nas empresas e universidades, busca-se incessantemente descobrir como será nossas vidas no futuro, buscando obviamente o preparo necessário a nossa capacitação para lidar com essas esquisitices que invadirão nossas vidas no futuro, mas se acreditarmos que as tecnologias com grande poder de inovação, ditas de ruptura, puderem ter sido descobertas por obra do acaso, será que não deveríamos nos dedicar mais a observar estilos de vida e comportamentos do que dedicarmo-nos a estudar a técnica? Essa atitude pode ser de grande valia em uma sociedade que, com grandes necessidades não atendidas, busca avidamente por soluções nem sempre disponíveis, e por vezes um aparelho pensado para facilitar a vida dos surdos pode ser utilizado como telefone, porque não?

Puxão de orelha


Levei um puxão de orelha de uma amiga (amiga essa que possui um nome muito bonito por sinal) dizendo que minha frequencia de postagem no Blog estava deixando a desejar....confesso que estava sentindo falta dos artigos semanais. Acho que isso foi resultado das minhas últimas atuações em alguns projetos que teimavam em me deixar longe do meu Blog, prometo que isso vai mudar doravante, obrigado pela Bronca :-).

terça-feira, agosto 18, 2009

Não somos máquinas


Recentemente, em uma reunião de start up de projeto, enquanto discutíamos a composição da equipe de líderes, ouvi a expressão “ele é uma máquina...”, seguindo na discussão surgiu a vez do “esse outro é um avião...”, é claro que queria se demonstrar que as pessoas em consideração eram muito boas, tão boas que poderiam ser comparadas à máquinas. Não pude resistir a pensar imediatamente não nas qualidades de uma máquina, mas nos seus pontos fracos, em especial na condução de um projeto, a saber:
- máquinas não aprendem, são programadas para agirem de determinada forma, enquanto que em projetos uma das fases mais importantes é a conhecida “lessons learned” onde discute-se o que deu errado, porque aconteceu e o que fazer para que não mais ocorra;
- máquinas têm peças ou partes com funções especializadas, que quando param de funcionar, normalmente comprometem o todo, enquanto que o ser humano consegue em grande parte das vezes compensar algo que não esteja funcionando bem com outra qualidade ou característica, por vezes mesmo um órgão que apresente alguma deficiência é “auxiliado” por outro que assume suas funções básicas, inteligente a natureza, não?
- máquinas não percebem sutilezas que indicam que algo começa a se deteriorar, normalmente avisam somente quando algo estragou, ao contrário disso, pessoas têm sensibilidade de perceber que uma relação começa a se deteriorar, que determinado comportamento começa a dar sinais de desgaste, e se houver habilidade e vontade, são capazes de se corrigir em tempo de não colocar tudo a perder.
Poderia ficar falando das diferenças por horas e horas, mas você já percebeu onde quero chegar, é tremendamente injusto comparar pessoas a máquinas, principalmente na condução de projetos, onde o que mais conta é a resiliência, liderança, inspiração, sensibilidade, capacidade de aprendizado (alguém já ouviu falar em uma máquina que depois de anos fazendo determinada peça chegou à conclusão que podia fazer melhor e mudou sozinha seu processo?).
Se já não é bom ser comparado a uma máquina, que tal ser comparado a um avião então, principalmente nesses tempos em que aviões têm apresentado problemas no mundo inteiro...