domingo, outubro 25, 2009

Lógica inversa


Em fevereiro de 2008 escrevi alguns artigos para alguns jornais e postei neste Blog a respeito do leitor digital de livros, o e-book reader, que era o primeiro modelo a ser oferecido no Basil, e destaquei naquele momento que seu preço ainda não era tão convidativo, pois seria vendido a 800 reais. Pois bem, quase dois anos se passaram e no início deste mês lemos a notícia de que a Amazon começou a vender o Kindle para vários países a partir de 19 de outubro, pelo módico preço de 279 dólares, que acrescidos dos impostos (mais 285 dólares), chega às nossas mãos por algo em torno de mil reais. Entenderam a lógica? Recebemos o mesmo produto que já tinha similar sendo vendido no Brasil quase dois anos mais tarde, mas em compensação ele custa mais caro, vai entender...!
E as contradições não param por ai, fala-se em globalização o tempo todo (essa semana mesmo até piada de gato falando dois idiomas eu ouvi), a quantidade de estudantes do mundo todo fazendo intercâmbio nunca foi tão grande (e praticamente dobra anualmente), vemos escolas de idiomas crescerem do dia para a noite, dez entre dez empresas globalizadas, incluem a China em sua estratégia, seja para se defender ou para atacar, e o que lemos sobre o Kindle? Que ele será lançado em várias partes do mundo simultaneamente, menos na China, vai entender 2...!
Veja que o idioma já não é empecilho tão grande, mesmo a loja da Amazon não disponibilizando quase nenhum título em outro idioma que não o inglês, pelo menos o resto do mundo poderia ter acesso a esse conteúdo, que lá na terra do Tio Sam custa 9,90 dólares em média cada título. Também nesse aspecto faria todo o sentido lançar o produto também na China, já que se prevê que nos próximos 25 anos a China será o país onde mais pessoas falarão o idioma inglês no mundo, também nesse período a economia da China já terá ultrapassado a dos EUA, vai entender 3...!
Assim caminha a humanidade, o produto é lançado de forma tardia no resto do mundo, é vendido de forma exclusiva por um único canal de vendas, despreza todos os demais idiomas do mundo, tem seu preço elevado a patamares no mínimo discutíveis e ainda assim é objeto de desejo de vários leitores...
Ainda bem que a China vem demonstrando que quando chegar a sua vez não teremos que aprender o mandarim e nem pagar os tubos para ter acesso a mesma tecnologia que nossos amigos americanos de cima pagam de forma muito mais facilitada. Agora a dúvida que fica é se até lá já terá sido inventada uma forma de cobrar impostos dos produtos que vem da China, ou se compraremos nossa versão de leitor digital de livros através de simpáticos chineses que oferecerão o produto em bares e restaurantes, dentro de grandes sacos plásticos :-).

domingo, outubro 18, 2009

Cuidado com o PowerPoint!


Lendo o livro “Obrigado pela informação que você NÃO me deu“ de Normann Kestenbaum (sugerido pela minha coacher) deparei-me logo no segundo capítulo com um alerta sobre nosso tão conhecido PowerPoint. Ora todos nós sabemos que tudo que for bom e verídico nos é apresentado via PowerPoint, não é mesmo?
Na realidade trata-se de mais um alerta para que não substituamos o conteúdo pelo meio ou pela forma. Que atire a primeira pedra quem já não se viu assistindo a uma apresentação em PowerPoint primorosa, com vários recursos multimídia, animações mil, e que em determinado momento nos perguntamos qual a mensagem principal, pois depois de tantos recursos, desenhos, bullets, animações e etc, acabamos nos distanciando do objetivo da apresentação..
Que os tecnófobos não me ouçam, pois certamente diriam “eu bem que avisei de esse tal pauerpoint era coisa do gramulhão, onde já se viu?”. Na realidade acredito que haja espaço sim para um bom discurso, que seja suportado por uma poderosa ferramenta como o software da Microsoft aqui citado, o que temos que cuidar, e muito, é para não nos perdermos na infinidade de recursos e acabarmos por perder a mão da mensagem que queríamos que fosse passada para a audiência. E nem cair na armadilha de encarar o ppt como muleta da apresentação, aquela que se faltar nos derruba, imagina uma falta de energia bem no momento da sua apresentação, você seria capaz de fazer a mesma apresentação somente com o discurso na cabeça? Então não torture sua audiência lendo textos intermináveis que são projetados na tela, se fosse para simplesmente ler o apresentador seria dispensável!
O diretor de pesquisa do Google, Peter Norvig em seu Blog apresenta uma série de casos bem humorados de usos inadequados de apresentações, e ainda arrisca algumas sugestões e conselhos para que se chegue ao objetivo pretendido em uma apresentação. No mesmo Blog podemos apreciar uma sátira muito inteligente do brilhante discurso de Gettysburg, proferido pelo mais famoso orador da história americana, Abraham Lincoln feito através do PowerPoint.
Também no livro de Normann encontramos a história de que o brilhante Lou Gerstner, CEO da IBM que em 1993 transformou um prejuízo de US$ 8 Bi em um lucro de US$ 3Bi, ao tomar posse do cargo e nas reuniões de reconhecimento da empresa, pedia a cada diretor que apresentasse a situação de sua diretoria, e em dado momento levantou-se e educadamente desligou o projetor multimídia, que projetava em PowerPoint a apresentação de determinado diretor: “vamos só conversar”, disse ele. “No fundo, é o que importa. Com ou sem PowerPoint.”

domingo, outubro 04, 2009

Stress


Várias são as publicações e artigos relativos ao stress causado pela tecnologia, sendo que muitas pessoas chegam mesmo a desenvolver fobias relativas ao uso da teconologia, ou seja medo de utilizar a tecnologia, e por outro lado existem também o stress causado pela falta da tecnologia, já se conhece o termo Nomofobia (que vem do inglês - No Mobile) que se aplica também a falta de notebooks, laptops e outras parafernálias que passaram a fazer parte de nossa vida. Quem não tem um amigo que não consegue ficar sem olhar seus e-mails o tempo todo? Ou suas mensagens do celular (SMS), ou mesmo os programas de bate-papo online?
Tratam-se dos males que de alguma forma guardam certa ligação ou proximidade com a tecnologia (tanto pelo excesso quanto pela falta de uso da mesma).
O que me chamou a atenção nessa semana foi a notícia de tentativas de suicídio de vários funcionários da France Telecom, segundo reportagem da INFO ONLINE, 19 funcionários tentaram o suicídio desde janeiro de 2008, tendo alguns infelizmente terminado em morte, a reportagem relata que as reclamações recaem sobre as sucessivas adequações estruturais e a forte pressão no trabalho.
A pesquisadora Bethania Tanure, em seu livro “Executivos Sucesso e inFelicidade” , relata que mais de 80% dos executivos que fizeram parte de sua pesquisa relataram estarem infelizes, segundo ela os dois setores que mais produzem stress entre seus executivos são o Financeiro e o de Telecom, nesta ordem.
Estaria o stress ligado à tecnologia ou a forma como nós nos dedicamos a usá-la ou mesmo como gerenciamos nossos negócios?
Colocar a culpa na tecnologia seria como vender o sofá, em uma analogia infame da anedota em que o marido ao descobrir que fora traído decide vender o sofá para que tal incidente não mais volte a ocorrer. Nosso foco e nossa atenção têm que se voltar à melhora da nossa qualidade de vida e de como podemos produzir riqueza sem nos exasperarmos ou mesmo gerarmos mais conflitos em nossas mentes e corações, porque se existem indícios de que algo tem nos afetado, nada mais natural do que nos afastarmos do que nos molesta, ou melhor ainda, corrigirmos o que aparentemente está errado!