segunda-feira, janeiro 30, 2012

Nadando contra a corrente



Julian Assange foi preso em dezembro de 2010 sob uma acusação um tanto estranha de crime sexual. Em consequência, o seu site Wikileaks enfrentou sérios problemas de hospedagem, sendo obrigado a fazer várias migrações de sua infra estrutura, de forma a tentar manter seu serviço no ar. Também teve afetada sua arrecadação de fundos, que era feita através de bandeiras de cartão de crédito, que passaram a se negar a efetuar a operação.
Um pouco mais de um ano após, assistimos a retirada do ar do site Megaupload, que especializou-se em permitir Up e Download de conteúdos diversos (músicas, filmes e programas). Seu proprietário, Kim Schmitz foi preso, junto com outros três executivos da empresa.
Bem, não defendo que devemos permitir violações de direitos autorais, e muito menos incentivar a publicação de documentos classificados como confidenciais. Por outro lado, fica claro que existe uma demanda enorme, não atendida pela indústria atual de conteúdo, para que a aquisição de músicas e filmes dê-se de forma mais facilitada e global. Podemos citar como exemplos bem sucedidos de distribuição de conteúdo o iTunes e o NetFlix, sou usuário de ambos e acho-os ótimos.
Se por um lado a indústria se apresenta claramente contra toda e qualquer atividade semelhante ao MegaUpload e aos tradicionais programas P2P (peer to peer), por outro, não vejo um movimento na mesma intensidade no sentido de facilitar a distribuição de conteúdo, vejam que o iTunes somente recentemente abriu seu conteúdo para nós brasileiros, e o NetFlix, apesar de ser uma ferramenta barata e eficiente para distribuição de conteúdo, somente oferece filmes antigos (medo da concorrência?) e as iniciativas não vão muito mais longe do que isto.
É claro que estamos engatinhando ainda neste mercado, e que veremos ainda muita água rolar debaixo desta ponte, mas preocupa-me o fato que se gaste mais tempo tentando evitar as iniciativas que já existem, do que para desenvolver novos canais para distribuição de conteúdo, baseados em ferramentas fáceis de serem usadas e de custo adequado ao que o mercado está disposto a pagar, e que seja suficiente para remunerar toda a cadeia da indústria (produtores, autores, intérpretes, publicitários, etc).
Enquanto não desenrolamos este novelo, para lá de embaraçado, continuaremos a ver iniciativas ineficientes com o intuito de barrar a distribuição gratuita de conteúdo. Em tempo, alguém já perguntou o que os autores e intérpretes pensam a respeito? Eu tenho vários exemplos de artistas que também estão insatisfeitos com o que recebem da vendagem de seus discos e que gostariam de que fossem popularizados, afinal a intenção de qualquer artista é de distribuir ao máximo sua obra, ou não?

quarta-feira, janeiro 18, 2012

A casca sempre está por dentro do recheio?



Tomo emprestada a frase do criativo Arnaldo Antunes para mais uma vez discutir conteúdo versus ferramenta de comunicação. Apesar do tema já ter sido discutido inúmeras vezes, acho que vale a reflexão, pois vira e mexe vejo novamente a discussão sobre os problemas da internet, como se ela sozinha pudesse assumir a responsabilidade por tudo que ela carrega...
A escola de meu filho entende que conhecimento sozinho não é nada, e que conteúdo sem aplicação não tem nenhuma valia, portanto tem como ferramenta de ensino um tablet, e aproveita algumas facilidades que podem ser oferecidas pelo mesmo, como por exemplo a facilidade de transporte, mais leve que uma dezena de livros, facilidade de interação com o aluno, atualidade da ferramenta que estimula o seu uso pelo aluno, e o fato do aluno utilizar a mesma ferramenta para tudo, para pesquisar, para brincar, para estudar, para namorar, para se informar, para jogar e claro também para ouvir música e curtir seus vídeos favoritos.
Já a escola da minha filha, proíbe o uso de tablets, celulares, smartphones e ainda solicita uma redação em que o aluno é instado a escrever sobre os males da internet, como se essa ferramenta de comunicação sozinha, pudesse ser responsabilizada pelo universo de maldade e insensatez que grassa no mundo, onde mães ou madrastas arremessam filhos pela janela, onde assistimos programas na TV com altos índices de audiência, onde alguns personagens são acusados de estupro, que aliás é filmado e transmitido ao vivo (também com alta audiência), onde a música (eu disse música?) mais popular do momento é de um ser chamado Michel AtéLogo :-(
A nternet tem seus riscos sim, assim como o automóvel, ir a escola a pé, ou de bicicleta ou de ônibus. A TV também tem seus riscos, e para dizer a verdade, por várias vezes procuramos por algo que valha a pena ser assistido na telinha e desistimos, principalmente se for domingo a tarde.
E as revistas então? Já tentaram ir a banca de jornais e dar uma olhada geral nos títulos das revistas? Duvido que consigam achar mais que uma em dez revistas que valessem a pena ser lidas.
E aos que acham que restringindo o uso da tecnologia nas escolas estaremos fazendo algum bem às crianças, como acham que será o mundo delas na realidade? Fora das escolas? Alguém consegue trabalhar sem internet? Sem computador?
Defendo que se estimule ações positivas, usos corretos, que se trave a boa batalha, e não que a evitemos, até para que tenhamos crianças melhor preparadas do que nós fomos em nossas juventudes. Só assim poderemos aspirar a um mundo melhor no futuro. Com internet ou o que vier a lhe substituir brevemente.