segunda-feira, maio 05, 2008

Internet para música?


Outro dia, enquanto comprávamos alguns CDs pela Internet, meu filho comentou que os preços dos CDs estavam baixando fortemente. Acredito que esse fato seja explicado pelo momento de ruptura que a indústria fonográfica vive, onde a fase do CD está acabando e provavelmente será substituída pela aquisição eletrônica de músicas individuais ou então de shows e vídeo clipes no lugar da música somente.
O fato de estar adquirindo músicas pela Internet, com meu filho ao lado, serve para ilustrar vários pontos, entre eles a questão da anti-pirataria e do exemplo contido no fato de estarmos pagando pelas músicas que estávamos adquirindo, mas gostaria de me ater especificamente à questão da distribuição de músicas e da dependência que a maioria dos artistas têm para com as gravadoras, distribuidoras, rádio e TV.
Ouço dois podcastings excelentes para conhecer novos músicos e conjuntos, o “Som para Viagem” e o “Café Brasil”, em ambos podemos ter acesso a entrevistas, reflexões e muita poesia, acompanhada de um tipo de música de muito boa qualidade, porém não divulgadas nas mídias tradicionais.
Sabemos que a receita de um cantor vem dos shows que faz e não dos discos que vende, pois nesse canal a maior parte fica para a gravadora e para os diversos distribuidores. Também ocorre que para divulgar em diversas rádios com boa audiência, vários conjuntos têm que pagar – é o que se chama de “jabakulê” ou simplesmente “jabá”. Ora temos aqui o ambiente ideal para que haja uma ruptura no modelo convencional de negócios. Com as novas tecnologias, é muito mais acessível a montagem de um estúdio de gravação de CDs (chamados home-estúdio).
Esse é o cenário que temos assistido freqüentemente, conjuntos lançando-se de forma independente, sem contar com a ação das gravadoras existentes, e distribuindo seus discos exclusivamente através da Internet ou em venda direta em shows. Em alguns casos consegue-se chegar a marcas interessantes através desses canais, onde vários músicos têm relatado terem ultrapassado a marca dos 200.000 discos através da venda pela Internet apenas, e sem investir um único centavo na mídia televisiva e de rádio e criando independência das gravadoras. Além de mais barato e de permitir maiores margens, também cria independência quanto ao estilo, pois ficam imunes às pressões da mídia para que gravem determinados estilos de música, mais populares e comerciais, garantindo com isso trabalhos autênticos e que realmente expressem a vontade do artista. E viva a Internet!

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