Nos meus tempos de criança,
sempre ouvia de minha mãe a frase emblemática “você não tem sossego menino!”.
Pois bem, não tinha sossego à época, e como escolhi como profissão a
tecnologia, continuo sem tê-lo até o presente momento.
Quando comecei minha carreira na
área de projetos, o desafio de um país de dimensões continentais como o Brasil,
era a rede de acesso. Não se poderia falar em inclusão sem que tivéssemos uma
rede de telecomunicações que cobrisse todo o território nacional. E a bem da
verdade, na década de oitenta, não cobríamos bem nem nossas regiões
metropolitanas, que dirá o território nacional. Nesta época, projetávamos redes
metálicas, muuuuuuuuuito longas e as centrais telefônicas que nos conectavam era
eletromecânicas.
Depois iniciamos a
era das telecomunicações digitais, onde sistemas de comutação e transmissão
digital, multiplexavam nossa voz e a transmitiam digitalmente. Neste momento as
redes já estavam mais abrangentes, e o desafio era o processamento de chamadas.
Lembro-me de fazer projetos de processadores de chamada com capacidade de
processar sessenta mil chamadas na hora de maior movimento (60.000 BHCA). Hoje
nossas estruturas de laboratório processam milhões de chamadas em arquiteturas
muitíssimo mais simples. Processar atualmente já não é problema.
Depois vieram o encurtamento das
redes, para permitir o fluxo de conexões banda larga, e simultaneamente as
telecomunicações sem fio se espalharam de vez, chegando ao ponto de no momento
termos mais linhas celulares no Brasil do que habitantes.
E as redes fixas de banda larga,
ganharam mobilidade e agora temos velocidades espantosas através das fibras
óticas. Não temos mais problemas com a rede, com a velocidade de transmissão
(uma única fibra ótica tem capacidade de escoar todo o tráfego do
Brasil) e nem com a mobilidade.
O problema agora é processar não
as conexões propriamente ditas, mas processar as ofertas cada vez mais
complexas (bunbles, combos, descontos, franquias, telefonia fixa com TV,
telefonia móvel com banda larga, etc, etc), sem falar que não temos mais apenas
clientes com endereço físico (residências) temos clientes móveis, que se
deslocam não apenas nacionalmente, como ao redor do mundo.
E as redes agora se interconectam
e se misturam, de forma a oferecer experiências nunca antes pensadas ao
clientes de telecomunicações. Conexões podem começar em uma rede móvel, passar
por uma rede IP e terminar em uma rede fixa, de banda larga metálica ou ótica,
tudo isso de forma transparente e dinâmica.
Quando acessamos uma rede de dados, não importa se o serviço prestado é de voz, de vídeo, de áudio ou se tudo misturado, pois a rede deve ser agnóstica ao serviço prestado por ela.
A preocupação com a qualidade das
conexões nunca esteve tão em voga, e neste sentido a Anatel cumpre papel
importante cobrando das prestadoras de serviços, índices de qualidade cada vez
mais elevados. Com a popularização dos acessos, houve também uma democratização
das comunicações, percebida facilmente pela queda no preço dos serviços
prestados.
E agora o desafio é saber, dentro
de um oceano de dados (quantidade de chamadas, quantidade de minutos falados,
região que nosso cliente se encontra, tipo de serviços preferidos em cada
momento e em cada localidade, disponibilidade instantânea das diversas redes de
comunicações, milhões de clientes em dezenas de redes distintas, e etc, etc) em saber como oferecer o melhor serviço, de forma
simples e rápida. Esse é o desafio do BIG DATA e das complexas estruturas de analytics.
Não é mais um problema de tamanho, mas de velocidade e de acuracidade na tomada de decisão.
Bem, como podemos perceber, não
teremos sossego tão cedo....ainda bem!
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