terça-feira, junho 24, 2008

Curva de popularização


Todos conhecem a chamada “curva de popularização”, efeito econômico através do qual, toda e qualquer tecnologia, ao longo de sua vida, vai baixando de valor e se popularizando, penetrando cada vez mais em todas as camadas sociais.
Nesse sentido podemos lembrar que na década de 90 comprar um aparelho celular era motivo de status, pelo preço que ele era comercializado, no entanto nessa semana li uma reportagem com Michael Klein, atual presidente da rede de lojas Casas Bahia, onde ele informava que aparelhos celulares eram os itens mais vendidos na rede, tendo alcançado a cifra de 3,6 milhões de unidades no ano passado. Ainda que aparelhos celulares, em muitos casos, tenham forte subsídio das operadoras de telefonia móvel celular, já vemos que grande parte deles é vendida em lojas de varejo, sem subsídio, denotando de fato uma redução de preço de venda.
De forma semelhante, observamos os preços de computadores e lap-tops despencarem, se por um lado já é possível adquirir um computador portátil por menos de dois mil reais, por outro podemos comprar um computador de mesa, os ditos desktops, por menos de mil reais. Essa popularização é uma das responsáveis pelo Brasil ter se tornado o quinto mercado mundial na venda de PCs, só no ano passado foram comercializados mais de 11 milhões de máquinas no País.
De forma análoga foi com os tocadores de CD e de DVD, lembro-me de entrar em um consórcio de CD player em 1991 para adquirir meu primeiro aparelho. Além do valor do aparelho, em torno de US$ 500, contribuiu para esse fato o salário que eu ganhava como engenheiro recém formado. Nessa época investíamos durante dez ou doze meses para adquirirmos um aparelho de CD, depois vinha o desafio de adquirir uma coleção de CDs, que também não eram baratos, e devemos lembrar que nessa época não se baixavam músicas pela Internet gratuitamente, todo CD tinha que ser adquirido legalmente. Nessa linha de raciocínio, também a pirataria foi fruto da popularização da tecnologia, os computadores e gravadores de CD ficaram muito acessíveis, assim como a penetração da Internet banda larga.
Hoje alguns DVD players custam menos de R$ 100,00 e, apesar do alto custo dos Blue Ray, sucessores dos DVDs com alta definição de imagem, estarem ainda com preços proibitivos (acima de R$ 7.000,00), certamente veremos em dois ou três anos a popularização também dessa tecnologia, permitindo a experiência de assistirmos filmes em alta definição em vários lares brasileiros, quem viver verá!

quarta-feira, junho 18, 2008

Fim do namoro Yahoo e Microsoft



Terminou semana passada o namoro entre o Yahoo e a Microsoft, e como quase todo namoro que termina, teve direito a muita fofoca e discussão. Apesar da aquisição do Yahoo ser a melhor chance da empresa de Bill Gates aumentar a audiência da sua página de busca (que passaria de 10% de participação para algo em torno de 30%), ela não se dispôs a pagar nada além dos 50 US$ Bilhões oferecidos pela transação. Eu disse 50 bilhões? Nada mal para uma empresa nova, que não possui grandes ativos patrimoniais, e que sequer é líder do mercado em que atua, pois sua participação nas buscas é um terço do líder nesse mercado, o Google, que possui mais de 60% de todas as buscas feitas na internet.
Pois bem, caso a aquisição fosse bem sucedida, ela permitiria que o site MSN tivesse a metade dos interesses de busca do Google, e nesse mercado, audiência está diretamente ligada à monetização, que é a alavanca de fazer dinheiro de um negócio de venda de espaços publicitários online.
Entrevistado, o senhor Steve Ballmer, principal executivo da Microsoft, disse não estar preocupado com o fracasso da negociação. Pois na minha opinião deveria estar preocupado sim, e muito preocupado por sinal!
O Yahoo, depois do término das negociações, já admite ter fechado uma parceria com o Google, o que os deixa com mais de 80% de participação - oito vezes maior do que a segunda colocada na audiência de buscadores.
Se por um lado o MSN corre o risco de ficar na lanterninha dos buscadores, por outro o produto que é o carro chefe da mesma empresa, o pacote Windows, tem como concorrente um pacote similar do Google, oferecido gratuitamente na internet. Sem falar nos problemas enfrentados pelos embates anti-trust da Europa.
De uma certa maneira, existem vários segmentos que temem essa expansão desmedida que o Google vem obtendo, mas certamente o mais preocupado no momento é o segmento de propaganda online. Imagine o que será negociar o custo de divulgação com uma empresa que detêm tamanha concentração de audiência. Michael Mothner, da empresa de pesquisa de mercado Wpromote classifica o negócio como “verdadeiramente assustador”.

sexta-feira, junho 13, 2008

Maestria


Discutíamos em um Workshop de liderança, com o mestre Reinaldo Lucas, o conceito de consciência e inconsciência e de como isso impactava na forma como agíamos. Quando estamos nos iniciando no estudo de algum tema ou arte, temos a fase da inconsciência e incompetência, pois não sabemos nada a respeito do que temos que estudar e também somos incompetentes a respeito da matéria, por não tê-la estudado. Ao longo do estudo ou treinamento, vamos adquirindo consciência, mas ainda não somos competentes, pois não treinamos e nem acumulamos experiência e prática no tema. Depois de muito esforço e treino, podemos chegar a fase da consciência competente, pois temos plena ciência do conhecimento que adquirimos e também acumulamos experiência através do treino e prática. Mas o conceito da maestria somente vem com muito treino e perícia, e quando passamos para a fase mais profunda que é a da inconsciência e competência, momento no qual somos extremamente competentes, porém não temos a necessidade de tomarmos consciência para decidirmos, passa a ser algo natural da ação e reação, reagimos sempre rapidamente, quase sem pensar e da forma mais competente e efetiva possível. Em uma analogia estudada na Amana Key, é como age um mestre de Kung-Fu. E você, em que fase está?

domingo, junho 08, 2008

Propaganda


O que você diria se, folheando uma revista de 200 páginas, se deparasse com 20 páginas dedicadas a anúncios de veículos? Provavelmente imaginaria estar com uma revista automotiva nas mãos, certo? Errado! Essa quantidade de propagandas de veículos estava numas das últimas edições da revista Veja que recebi em casa. Ora para que pago por essa revista, se recebo quase 50% do seu conteúdo impresso com propaganda?
O engraçado é que no estouro da bolha da internet, ocorrido na década de 90, o que mais víamos eram modelos de negócio baseados em publicidade – na época eram os famosos banners - e que, como todos sabem, acabaram por naufragar uma infinidade de negócios na rede mundial. Espaços publicitários eram vendidos e buscava-se aumentar a audiência dos sites para que os anúncios valessem mais. Essas páginas da internet ofereciam uma infinidade de conteúdo gratuito para atrair usuários. Esse modelo de negócios lhes parece familiar? Sim de fato é exatamente a mesma coisa que o Google faz, e lhe confere uma receita anual da ordem de 20 bilhões de dólares. Ora mas então porque tantas pessoas perderam milhões e milhões de dólares apostando em um modelo de negócio semelhante ao que existe agora para empresas como Google, Yahoo e o próprio MSN? Apesar de ser semelhante, não são exatamente a mesma coisa, agora agrega-se valor através da indexação e busca qualificada de matérias e temas de interesse do usuário. Lembro-me que na década de 90 várias empresas eram valorizadas pela quantidade de usuários que tinham na sua base, mas sem se saber ao certo o que fazer com eles, e no momento empresas de busca sabem o que fazer com seus visitantes. A eles é oferecida uma miríade de produtos e o valor ocorre quando esses produtos chamam a atenção e sobre os anúncios há o “click” ou seja, o cliente acessa aquele conteúdo para receber mais informações a respeito de produtos de seu interesse.
Fazendo uma analogia do que acontece na internet para o mundo das notícias que recebemos através de revistas, o que lhe pareceria termos acesso ao conteúdo das revistas sem termos que pagar absolutamente nada por isso, e estas serem remuneradas apenas pelas publicidades que fazem? Será que teriam que fazer mais propaganda para justificar a gratuidade do conteúdo? Eu de minha parte, aceitaria receber entre dez e quinze reais para cada revista que lesse, em troca dos bombardeios de informações a que sou submetido, toda vez que abro uma dessas revistas.

A ilusão da liderança


Recebi esse texto do Reinaldo Lucas, sócio da Mandelli Consultores Associados, que fala sobre liderança, sendo o próprio Reinaldo especialista na tema. É muito comum depararmo-nos com executivos que confundem o ato de "mandar" com o ato de liderar. A conhecida frase "manda quem pode..." é exemplo disso. A boa nova no entanto é que vem crescendo a cada dia mais a onda dos líderes servidores, aqueles executivos que se esforçam para que seus liderados tenham a melhor performance possível, através da sua ajuda e condução. Façamos parte desse grupo ASAP, aproveitem o texto:


Autor: MARCELO AGUILAR

O grande líder não é aquele que comanda os outros, mas sim quem serve aos outros, como o inglês Winston Churchill. Entenda isso e evite frustrações.

Levante a mão aquele chefe, gerente ou executivo que não sonha em ser um grande líder. Aquele tipo de líder de fala fácil, que todos param para ouvir, cujos pensamentos todos os colaboradores compreendem, cujas idéias são implementadas sem questionamentos. Sem dúvidas, todos querem ser assim. Recorremos a literaturas diversas, treinamentos específicos, "coaching", etc, para desenvolver as lideranças nas empresas. Tudo tem sua validade, mas é uma validade relativa, pois o sonho da liderança fácil e de pouco esforço ainda é mantido por dicas do tipo "faça isto que seus colaboradores e parceiros farão aquilo ...". Mantém-se a ilusão do poder de controlar os outros!

Isto é somente um sonho, pois, de fato, os colaboradores não são seus. São colaboradores de idéias e ideais. O líder é apenas o catalisador destas idéias e ideais.

Os filósofos da administração emprestaram a palavra "catalisador" da físico-química, para uso indiscriminado. O significado original da palavra CATALISADOR é: uma substância que modifica a velocidade de uma reação química sem se alterar... Ops!? Se líder é apenas um catalisador, e se catalisador é "algo" que, sem se alterar, modifica a velocidade de uma reação - como o surgimento e consecução de idéias e ideais -, quer dizer então que o verdadeiro líder serve aos outros e não aos seus próprios ideais? Sim. O líder serve à organização, aos seus colaboradores, parceiros e clientes. A história nos prova isto de todas as formas.

Veja o que disse Platão em "A República", ao narrar o duelo verbal entre Sócrates e Trasímaco, cerca de 250 anos antes de Cristo: "(...) nenhum chefe, em qualquer lugar de comando, na medida em que é chefe, examina ou prescreve o que é vantajoso a ele mesmo, mas o que o é para seu subordinado, para o qual exerce a sua profissão, e é tendo esse homem em atenção, e o que lhe é vantajoso e conveniente, que diz o que diz e faz tudo quanto faz".

Mais exemplos da história: líderes como Churchill, Hitler e De Gaulle, para o bem e para o mal, capitalizaram e catalisaram as aspirações do seu povo? Hitler só surgiu porque o povo alemão estava humilhado e esfomeado pelas condições de rendição impostas na Primeira Guerra Mundial. Ele não foi o primeiro a pensar que o povo alemão deveria se rebelar contra as condições do pós-guerra. Ele não foi o primeiro a pensar na superioridade da raça ariana. Estes eram pensamentos pré-existentes, do qual ele se utilizou para resgatar a auto-estima de um povo. Hitler subiu ao poder como um líder que catalisou algumas idéias e se tornou um ditador pelo medo com o auxílio de sua polícia política, a Gestapo. Suas ações são recriminadas pela história.

Churchill e De Gaulle se tornaram líderes porque catalisaram a idéia de que não se deveria ser conivente e passivo com o avanço do nazismo. Também não eram idéias próprias, mas um sentimento geral de suas nações. Com a proximidade do final da guerra, Churchill não conseguiu mais ser um catalisador de idéias e ideais para a Inglaterra e perdeu as eleições no verão de 1945. Seu temperamento agressivo e suas palavras duras prejudicaram suas chances de vitória, chegando a ser vaiado no Walthamston Stadium. Muitos anos depois Churchill foi eleito o "Maior Britânico de Todos os Tempos", concorrendo com Darwin, Shakespeare e outros.

De Gaulle só se tornou presidente da França em 1958, quando conseguiu provar que não era somente bom para a guerra, catalisando as idéias de reformar a constituição francesa e as diversas instituições do império francês. Estes eram os ideais do povo francês, descontente com a quarta república. De Gaulle foi um dos maiores estadistas e líderes deste século. Na história recente do Brasil Fernando Henrique Cardoso catalisou o ideal de estabilidade econômica. Para ser escolhido como líder da nação, o presidente Lula catalisou o ideal de justiça social, mantendo a estabilidade econômica.

Ser líder é servir aos outros. É aceitar que o reconhecimento pode vir tardio, talvez até após sua despedida do poder. É saber que será combatido. É saber que só terá colaboradores se convencê-los de que é a pessoa certa para levar as idéias e ideais adiante.