Moro em um condomínio, e que,
como em todo o condomínio, reina a preocupação com relação à segurança. No
Brasil, em especial nas grandes cidades, temos um problema sócio-econômico, e
por vezes acreditamos que, viver isolados de cercas, muros e sistemas avançados
de segurança é a solução para todos os nossos males e preocupações. Bem temos
que tentar resolver essa encrenca enquanto sociedade, e em que pese alguns
momentos pessimistas, até acho que estejamos fazendo algum progresso, mas o
fato é que os resultados práticos e imediatos ainda são modestos, então o que
nos resta é investir na boa e velha tecnologia e em processos de segurança, que
nem sempre são amigáveis, e dá-lhe sistemas inteligentes de câmeras de vídeo,
que comparam padrões de fisionomia, leitoras biométricas, que além das leituras
de nossas digitais, que nunca funcionam na primeira vez, e às vezes nunca
funcionam mesmo, também comparamos as fotos cadastradas e ainda inserimos o
sistema tradicional de senhas, e aí, até que enfim, o pobre condômino tem
acesso ao condomínio. Mas a parafernália não parou por ai não, temos muito
mais, sistemas de gravação de imagens com detetores de movimento e sensores infra-vermelho,
sistemas de gravação de imagem remoto, fibra óptica instalada em todo o
perímetro do condomínio para interligar as bases de dados das portarias com a
central de dados centralizada e fazer as câmeras funcionar, mais vigilantes
fazendo a ronda com motos ou carros. E como seria de se esperar, sempre há
problema, o sistema não reconhece a digital de determinado condômino, alguns
moradores não querem inserir tantos dados, ou decorarem suas senhas, ou possuem
digitais ”gastas” , e por aí vai, isso para não falar dos portões eletrônicos e
cancelas que quebram em uma frequência absurdamente maior do que gostaríamos.
E imaginem você que, em meio a
essa “montoeira” toda de tecnologias que nem sempre funcionam bem, resolvemos
por bem reformar uma de nossas portarias, e portanto começamos a quebrar tudo e
desinstalar o sistema de acesso às cancelas. Dá para imaginar o inferno que
virou não? Pois saibam que a nosso sistema nunca funcionou tão bem! Sabem como
estamos sobrevivendo? Colocamos um porteiro com uma prancheta em pé na portaria
verificando todos os moradores que entram no condomínio. Acabaram os erros de
acesso, os moradores descontentes, até passamos a nos relacionar melhor com
nossos vigilantes, não temos mais filas e a entrada ao condomínio ficou mais
rápida e simples.
Sentiremos saudade desta eficiência quando o
sistema automatizado voltar a funcionar...