domingo, outubro 28, 2007

Legal ilegal


Quem me conhece pessoalmente ou acompanha meus textos sabe de minhas convicções relativas ao que não é legal, como pirataria, contrabando e etc. Talvez eu seja uma das poucas pessoas que ainda adquire CDs e DVDs em lojas e sites especializados, pagando normalmente pelos mesmos e quando baixo músicas da Internet, o faço através do site http://www.esom.com.br/, pagando pelas músicas que adquiro.
Na semana passada me preparava para receber meu N95 da Nokia, um super aparelho, já preparado para terceira geração, com tecnologia Wi-Fi e preparado para navegação GPS (por satélite), pelo qual paguei mil e setecentos reais, quando um amigo me mostrou um Iphone recém comprado pelo mercado livre totalmente desbloqueado e com menus em português. O Iphone foi lançado primeiramente nos EUA e com a política de sempre estar disponível apenas em uma única operadora por país.
Essa foi a resposta do mercado a uma política da Apple totalmente contrária ao que estamos vivendo no mundo atualmente, onde tudo é disponível o tempo todo para quem quiser adquirir. Como então fazer o lançamento de um produto bloqueado para as demais operadoras, com uma política de exclusividade em todos os países? O que assistimos foi uma corrida intensa para que se conseguisse quebrar o código do iphone, e com o tempo foram quebrando um a um, cada um dos sistemas deste aparelho, e atualmente seu código esta na Internet, para que todos possam utilizá-lo.
Não estou aqui fazendo uma apologia a que saiamos adquirindo tudo que quisermos, sem pagar impostos, nem tampouco respeitando direitos autorias, mas também não dá para entender uma empresa mundial e globalizada como a Apple, que lança um produto com uma estratégia totalmente inconsistente com a era da informação e da conectividade que ora vivemos.
Atualmente qualquer ação de qualquer empresa é imediatamente notada, comentada e discutida imediatamente no mundo inteiro após a sua consecução, e quando na opinião do mercado essa ação é inadequada, começa uma reação em cadeia que tem o poder de atravessar o mundo em questão de horas. A pergunta que não quer calar é se a Apple, sabendo disso, aproveitou-se do fato para causar maior impacto no lançamento de seu produto, ou simplesmente ignorou o poder do mercado.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Interessa a conversa e não o meio


Quando era adolescente, havia uma esquina no condomínio onde morava, que era o ponto de encontro com meus amigos. Quando saíamos de casa, bastava irmos para aquela esquina para encontrar os colegas e poder trocar idéias, falar de nosso dia a dia, das namoradas que tínhamos ou das que não tínhamos, combinar as festas que faríamos, falar de nossos desejos e frustrações. Do outro lado da rua, existe até hoje uma padaria, que era o ponto de encontro dos adultos daquele bairro, onde por vezes se ia após um dia inteiro de trabalho, conversava-se muito, e ao final voltava-se para casa, às vezes até esquecendo-se de levar o pão para o jantar!
Certamente todos nós temos na memória lugares ou situações, que eram referências para gostosos bate-papos, alguns perduram até os dias de hoje.
Eu conversava com um aluno nesse final de semana, e ele me lembrava como era a vida dos rádio-amadores, que colecionavam contatos distantes, sendo um de seus objetivos conseguir falar com alguém o mais distante possível, se fosse do outro lado do mundo, melhor ainda. Essas incursões podiam ser premiadas depois com um cartão postal que comprovava o feito. Outro amigo me contou inclusive que utilizava código Morse via satélite, para se comunicar com o mundo todo. Confesso até que meu primeiro carro tinha um rádio PX, mas que tive que deixar de utilizar pois interferia tanto nos sinais de TV de meus vizinhos, que acabaria sendo linchado por eles.
Encaro as conversas de esquina, de padarias, no pátio da escola e de rádio-amador da mesma forma que as conversas via Internet (Messenger, e-mails, salas de bate-papo, redes sociais, etc). Na realidade a Internet apenas deixou essas possibilidades de comunicação mais acessíveis, uma vez que não depende das condições atmosféricas para a propagação do sinal de rádio, sem mencionar que é muito mais fácil nos comunicarmos com países do mundo inteiro através da escrita do que da falada.
A idéia aqui é que nos comunicamos mais na atual era da Internet, pois a mesma trouxe-nos novas oportunidades, no entanto o que sempre nos guiou foi a necessidade de comunicação em si, e não a maneira pela qual nos comunicávamos. Isso deixa para a Internet, uma classificação muito mais de fenômeno social, do que tecnológico. Bom seria que a segurança dos dias atuais continuasse permitindo as gostosas conversas de esquina, onde além de trocarmos idéias, ainda aproveitávamos para viver o espaço urbano, fora de nossas casas, atividade essa cada vez mais rara hoje em dia.

segunda-feira, outubro 15, 2007

Planejado ou ao acaso?


Estive na Amana Key (http://www.amanakey.com.br/) no final de semana passado. A Amana é minha referência absoluta de inovação em gestão. Estudamos duas personalidades que trabalham com o futuro, um deles, Bruce Mau, disse que o processo é mais importante que o resultado, pois quando o resultado conduz o processo somente iremos para onde já estivemos, ou seja, não pode haver inovação!
À primeira vista essa afirmação muito me incomodou, pois ficou a percepção de que fazemos algumas coisas, só por fazer, sem objetivo direto e concreto, o que poderia ser classificado facilmente como perda de tempo. Esse pensamento cartesiano foi abandonado quando lembrei de algumas inovações e rupturas que surgiram nos últimos anos, onde podemos notar claramente que o resultado obtido foi obra do acaso e não fruto de forte planejamento. É o caso do Youtube, que foi criado para compartilhamento de fotos e vídeos com os amigos, e acabou virando um fenômeno de utilização. A própria Internet tinha objetivos militares e de segurança na comunicação quando foi criada, visava disponibilizar um sistema de comunicação por computadores que resistisse a um desastre e perda de parte da rede, sem que perdesse a capacidade de se comunicar – estava criada a Arpanet, avó da Internet. E assim ocorre com tantos outros produtos e serviços que são criados para um determinado objetivo e acabam servindo a outro objetivo totalmente distinto, que acaba por lhes promover o uso.
É fácil de imaginar que, quanto mais ruptura for provocada no processo de inovação, maior é a possibilidade de que tenha sido inventada “sem querer” o que, de forma alguma desqualifica a inovação ou deve ser motivo de demérito, pois as inovações devem ser mensuradas com base nos benefícios que trazem e no ineditismo de suas soluções e não pelo processo ao qual se submeteram.
Mesmo assim é inevitável que vejamos inúmeros comentários tecidos a respeito do processo de inovação de algumas soluções. Ora o processo somente passa a ser metodológico depois de estabelecido como sucesso. É o caso da Microsoft, da HP e de tantas outras inovações que nasceram literalmente nas garagens de bairros de subúrbio, e que depois de consolidadas como sucessos absolutos, passam por processos rigorosos para novas especificações e melhorias, mas que a meu ver, já não se tratam mais de inovações, senão de melhorias no que já foi uma inovação no passado...

segunda-feira, outubro 08, 2007

TV Digital ou IPTV?


Tenho conversado com alguns amigos que se dizem desapontados após adquirirem uma TV de Plasma ou de LCD, pois descobrem que a qualidade da imagem é praticamente a mesma que viam na TV convencional de tubo, com o inconveniente de que por ser em dimensões diferentes (wide 16:9) ou vemos a imagem distorcida para que caiba na tela inteira, ou ficamos com uma imagem menor do que o tamanho da tela. Na realidade para aproveitarmos a boa qualidade de uma TV digital, devemos ter alta qualidade de imagem também na geração, assim é necessário que o DVD que pretendemos assistir também tenha alta qualidade de imagem, Blue Ray, por exemplo, ou então que usemos uma conversor.
Ao final desse ano, em São Paulo, teremos a TV digital sendo transmitida por sinal aberto (antenas), poderemos então experimentar melhor qualidade de imagem. Nesse momento provavelmente o que nos incomodará será a qualidade do conteúdo...mas aí já são outros quinhentos.
Por outro lado, já temos muito conteúdo digital de imagem sendo transmitido através do protocolo IP, com a vantagem que não existe limite de distância para as transmissões, pois os sinais não são transmitidos por antenas, mas através da Internet. E com o acréscimo das velocidades dos acessos, a qualidade de imagem se aproxima rapidamente da qualidade que estamos acostumados a experimentar na nossa TV. Com isso notamos outro fato interessante que é o fato de nossa disponibilidade de acesso a Internet ter que mudar do quarto ou escritório para a sala, pois é lá que assistimos a nossos programas prediletos.
Com a imagem de TV sendo transmitida sobre protocolo IP, podemos aproveitar as imensas facilidades da Internet para interagirmos com o que assistimos, por exemplo, visualizando as mesmas cenas através de posições e câmeras diferenciadas, criando fã clubes organizados na web, sendo avisados do momento que nossos programas favoritos estarão sendo disponibilizados, ou mesmo gravando-os caso não tenhamos disponibilidade de vê-los naquele exato momento. Tudo isso independentemente do local de acesso, e sem a necessidade de antenas, pois o conteúdo que é gerado em determinado país, pela cobertura da rede mundial, pode ser visualizado em qualquer lugar do Planeta!

segunda-feira, outubro 01, 2007

Fotografia digital


Há algum tempo atrás, durante uma reunião preparatória a uma viagem que meu filho faria pela escola, ouvi do diretor da escola a afirmação de que em função das fotos serem atualmente digitais, e que portanto não necessitavam de revelação em papel fotográfico para serem vistas, acabava por levar as crianças a baterem muito mais fotos do que o necessário. Que aquela preocupação sobre qual recordação levar registrada em nossas fotos havia acabado, e que no seu lugar havia uma despreocupação com o fato, pois com as imensas capacidades de armazenamento das máquinas de hoje, podemos armazenar centenas de fotos sem nenhum custo adicional, e depois as vemos no computador, sem necessidade de gastarmos com a revelação.
Apesar de concordar que com o barateamento do processo e também com a facilidade de gravar quantas fotos quiser e depois simplesmente apagá-las, ficou muito mais fácil a vida dos fotógrafos amadores, e me incluo nessa categoria sem dúvida, mas confesso que a constatação de que o ato de fotografar evoluiu para algo inconseqüente me incomodou um pouco, primeiro porque a emoção que queremos guardar para sempre não mudou em função do avanço tecnológico, e assim continuamos guardando na lembrança, através de fotos (digitais ou não) os aniversários de nossos familiares, passeios, aquelas férias que deixarão saudades, os primeiros passos de nossos filhos, nosso primeiro carro, enfim tudo que entendemos como importante o suficiente para levarmos para o futuro através de uma boa fotografia.
Entendo que com o avanço das facilidades e da tecnologia passamos a ter a opção de utilizarmos as mesmas técnicas de fotógrafos profissionais, que fotografam dezenas e até centenas de vezes mais que o necessário para poderem depois escolher dentre as várias fotos, as que realmente são as melhores, e essas sim merecerão serem mostradas, guardadas e eventualmente até impressas para manuseio em álbuns de família, sem mudar uma vírgula o hábito dos antigos fotógrafos de outrora.
Essa visão da tecnologia nos ajudando a mantermos os bons hábitos, de forma facilitada e seletiva me agrada mais que a banalização dos melhores momentos de nossas vidas, pelo simples fato de que “ficou mais fácil”. Então click, e tenho dito!