domingo, outubro 26, 2014

A era da não linearidade

Durante a Futurecom, maior evento de Telecomunicações da América Latina, ouvi de um especialista em mídia digital, algo que já sabia como usuário e cliente, que o NetFlix é TV por assinatura. Qual a novidade? A novidade que vemos vários especialistas da Indústria das Telecomunicações, classificando o NetFlix como OTT (Over the Top), tipo de serviço que normalmente é oferecido de forma gratuita ou não, sobre uma rede estabelecida, sem remunerar essa mesma rede. Nessa categoria, OTT, temos o WhatsApp, o YouTube, Viber, FaceBook, Instagram, enfim são os vários serviços que podem ser utilizados pelos usuários, sem necessariamente remunerar as redes sobre as quais são oferecidos. Essa visão é técnico e mercadologicamente impecável, mas não faz nenhum sentido para o mercado, ou seja, para os clientes e usuários.

Quando utilizamos o WhatsApp, Messenger ou mesmo SMS das operadoras móveis, não há diferença do ponto de vista de uso, todos os sistemas citados enviam mensagens de texto, voz ou imagem da mesma forma.
De forma  análoga, quando ligamos nossa TV para assistir nosso filme preferido, pouco importa se a tecnologia utilizada na sua transmissão é a satelital, por antenas terrestres, por cabo metálico, fibra óptica, ou streamming de vídeo pela internet (caso dos serviços semelhantes ao NetFlix), assistimos o filme da mesma maneira. A diferença reside na qualidade da trasmissão, possibilidade de interação, parar ou avançar o filme, ir diretamente para o ponto do filme que queremos ver, classificar esse filme como nosso favorito, de forma a que seja sugerido outros filmes de enredo semelhante e até a mídia em que o assisitiremos, se limitada a nossa TV da sala, ou se possível de se assisitir no tablet, no PC, LapTop ou mesmo nos nossos celulares.

Não acho que devamos limitar esta discussão a uma disputa de tecnologia A x tecnologia B, até porque o que realmente importa, é o que dizem os clientes e não as diferenças de cada tecnologia. Mas uma coisa é certa, a cada dia entram mais pessoas no mercado de consumo que nasceram e se criaram assistindo a uma mídia não linear, ou seja, aquela mídia sobre a qual podemos interferir ou interagir (pular propagandas, acelerar, interromper ou ir direto para o ponto que desejamos assisitir, e voltar tantas vezes quanto quisermos), e uma coisa é certa, o apelo das tais tecnologias não lineares, como o NetFlix, é muito grande, seja pela interação permitida, seja pela  variedade de tamanhos de telas e tipos de dispositivos suportados ou mesmo pela facilidade com que se adaptam aos modelos de Analytics (sugestóes de filmes semelhantes aos seus preferidos), então devemos esperar, no mínimo, uma grande mudança nos modelos de negócios que hoje existem no mercado, de forma a se adaptarem ao que o mercado vem requerendo.

Como sempre, quem viver verá!