domingo, maio 25, 2008

Quem está pagando?


Se eu disser que folheando uma revista de 120 páginas, encontro normalmente de dez a vinte páginas dedicadas a propagandas de veículos dirão tratar-se de revista dedicada ao automobilismo, certo?
Errado, falo da revista Veja, que traz entre 10% e 20% de suas páginas dedicadas a propagandas de veículos, normalmente de alto valor. E o engraçado é que ainda pago para receber essa revista, deveria recebê-la de graça! Esse é o modelo de negócio que se reforça a cada dia mais, baseado na Internet. Os grandes fornecedores que querem anunciar seus produtos pagam pelo custo da veiculação, e os grandes sites como Yahoo e Google oferecem conteúdo a custo “zero” seus conteúdos aos usuários que remunerarão o serviço quando porventura se interessarem no conteúdo e fizerem aquisições.
Trazendo para o exemplo em questão, seria como receber a revista Veja de graça em casa semanalmente, e remunerar a editora quando me interessasse por algum artigo anunciado e o comprasse por conta do anúncio veiculado. Faz sentido não é mesmo?
Nessa semana li um artigo de Chris Anderson, que menciona exatamente a tendência de virarmos uma economia do gratuito, onde diversos serviços serão oferecidos a custo zero em troca da veiculação que se faz de artigos à venda. Foi assim por exemplo com o e-mail com capacidade de armazenamento de Giga bytes e depois com capacidade ilimitada da Yahoo, que é fornecido gratuitamente e que obviamente é remunerado pela propaganda que é feita nos e-mails que circulam o mundo todo.
Não me preocupo por enviar e-mails com propagandas ou mesmo de recebê-los, desde que esteja recebendo um bom serviço e não esteja pagando por isso. Entendo que esse é o custo do serviço. Estranha-me, no entanto, pagar a anuidade de uma revista e receber no seu interior mais propaganda do que conteúdo, será que estamos no limiar de uma mudança de modelo de negócio, e em breve essas revistas serão gratuitas, ou então mais leitores se ressentirão pelo que compram e deixaram de comprar essas revistas obrigando-as a mudarem de modelo de negócio? Porque entendo que ganhar dos dois lados não faça sentido, ou pelo menos seja uma maneira desequilibrada de agregação de valor. Eu de minha parte já decidi que não renovarei minha assinatura dessa revista de propaganda de automóveis!

quinta-feira, maio 22, 2008

Windows finalmente no OLPC


A Microsoft finalmente anunciou, semana passada, que liberará o sistema operacional Windows para ser fornecido juntamente com o XO, computador de baixo custo, idealizado por Nicholas Negroponte. Esse programa recebeu o nome de OLPC (One Lap Top per Child – um computador por criança) que tem por objetivo fornecer equipamento de informática básico e de baixo custo para todas as crianças, A expectativa inicial era chegar a um valor de US $ 100 por máquina, mas atualmente elas estão sendo vendidas pelo dobro desse valor.
O acordo assinado com a Microsoft vem em um momento crítico, pois o programa experimenta uma penetração muito mais baixa do que se pretendia - apenas 600 mil unidades vendidas para países como Peru, Uruguai e México, além de não conseguir chegar ao objetivo de valor inicialmente prometido para o mundo.
A entrada do Windows vem sendo adiada por anos, haja vista que a escolha feita de sistema operacional para o XO é o Linux, software livre, que obviamente conflita com a estratégia da Microsoft.
Todos sabem que a aceitação do Windows é bem maior que a do Linux, o que é uma pena, pois observa-se em vários programas educacionais e de inclusão digital que o aprendizado do aluno melhora no momento que ele é mais exigido pelo sistema operacional, pois no Linux as interfaces podem e devem ser customizadas pelos usuários.
O programa recebeu muitas críticas, em especial dos que acreditam que não adianta fornecer ferramentas para promover a inclusão digital, pois faltariam capacitação, tanto dos alunos quanto dos professores. A prática no entanto, aqui no Brasil, tem nos mostrado o oposto, as nossas crianças vêm tendo uma experiência com informática, e no meu entender já não podem ser considerados “excluídos digitalmente” pois conhecem os mecanismos básicos da rede mundial de computadores, possuem páginas na Internet, Blogs, e-mails e se comunicam nas Lan Houses das periferias através dos sistemas de mensagens rápidas como MSN Messenger.
Tenho visto mais exclusão digital em adultos de razoável poder aquisitivo, com computador em casa e acesso a Internet, mas que ainda relutam em se utilizar as ferramentas de informática de maneira natural. E você, considera-se um incluído digital?

segunda-feira, maio 12, 2008

Conectividade


Nunca tivemos tamanha diversidade de conteúdos e aplicativos disponíveis na web como no momento. Semanalmente surgem novos usos e softwares populares, que atingem os milhões de usuários quase que instantaneamente. É o que chamamos de divulgação por efeito viral, que ocorre no boca a boca e eventualmente através de ferramentas de convites restritos a usuários do sistema, que ajudam a divulgar aplicações e programas de relacionamento e engenharia social.

Se por um lado assistimos ao fenômeno da proliferação de usos da internet, por outro temos a inegável inclusão digital. Atualmente já temos mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo com acesso a internet (mais de 20% da população mundial). No Brasil além dos inúmeros programas de organizações não governamentais e assistenciais do governo concorrendo para a inclusão digital, temos também o efeito das lan-houses de periferia, o que vem fazendo com que praticamente todos os jovens saibam se relacionar com uma ferramenta que há menos de dez anos era totalmente inimaginável para muitos deles. Ouso dizer que os excluídos digitais no momento são alguns adultos, que mesmo possuindo acesso a computadores, ainda têm receio de se entregarem de vez ao apelo da internet.

Disponibilidade e variedade de conteúdo associado a uma massiva entrada de novos usuários diariamente na era da internet –eis todos os ingredientes para uma explosão da penetração das tecnologias de acesso, experimentada pela indústria de telecomunicações no mundo todo, que vem, praticamente, dobrando a quantidade de acessos a banda larga anualmente.

Esse agressivo aumento das redes de banda larga vem provocando também a redução de preços da infra-estrutura necessária à sua disponibilização. Assim, com a redução de preços de equipamentos de transporte e controle de banda, servidores, sistemas de armazenamento e processamento digital de sinais, passamos a alimentar um ciclo virtuoso que acaba por reforçar, ainda mais, o aumento de banda larga.

Nos últimos três anos, após fatídicos leilões que levaram empresas européias do setor de telecomunicações a investirem bilhões de dólares na aquisição de licenças para explorar a terceira geração de sistemas celulares, buscando exatamente disponibilizar banda larga com mobilidade, vemos que o mercado mundial de aparelhos celulares e de aplicativos para terceira geração começa a se popularizar, ajudado inclusive pelo programa 3G for all, que visa à obtenção de aparelhos preparados para a terceira geração a preços populares. No Brasil começamos a experimentar a utilização da banda larga móvel, que apesar de estar em seu estágio inicial de lançamento, veio em um momento propício. Dois fatores que contribuem são a queda do dólar e a popularização dos equipamentos portáteis como lap-tops. Desse modo, a banda larga móvel atinge boa parte dos usuários de internet, em especial os profissionais que costumam viajar com freqüência e que através de Wi-Fi, e agora a 3G, podem continuar tendo acesso a internet e a seus sistemas de correio eletrônico.

O uso profissional da informática, apoiado em uma infra-estrutura de web 2.0, vem proporcionando uma verdadeira revolução em várias profissões. Ferramentas de colaboração permitem acessos simultâneos e de forma controlada a arquivos, que dessa forma podem ser estruturados e preparados à várias mãos, garantindo qualidade e tempo de preparo nunca vistos.

Usuários de internet não se contentam mais em apenas acessar ao conteúdo que se encontra disponível na rede mundial de computadores. Ao invés disso, cresce velozmente a quantidade de conteúdo gerado pelos próprios usuários, que através de seus Blogs, vídeos e aplicativos garantem uma enorme diversidade de conteúdos e novas idéias e alimentam, assim, o ciclo de inovação.

Começamos a ver também utilizações de comunicação e interconexão máquina à máquina, que através de aplicativos de segurança, rastreamento e localização, geram um novo tráfego de dados na rede e, certamente, levará a uma quantidade maior de fontes de tráfego que a da própria população humana.

O conceito do “online”, do “tudo aqui e agora”, começa a compartilhar espaço e importância com o conceito de interatividade. Novos modelos de mídia surgem , com campanhas na Internet que estimulam a interação e a expressão de opiniões dos usuários no momento em que tomam contato com a informação. Essa interatividade não fica restrita às redes fixas de banda larga e muita expectativa é colocada nas redes móveis de banda larga e serviços de mensagens rápidas.

Começamos a tatear o mundo do mobile-payment e do mobile-advertisement, mas tomando em conta o efeito que esses novos modelos de negócio vêm atingindo e a facilidade com que nosso mercado recepciona novas tecnologias, temos a expectativa de essas mobilidades, também no Brasil, serão precursoras de uma nova forma de se relacionar e utilizar a rede móvel de telecomunicações.

As mídias tradicionais de rádio, TV e jornal já iniciaram, num passado recente, incursões no mundo da internet, o que vem derrubando o conceito de divulgação limitada por área geográfica. Assim, a cada dia, descobrem novas formas para o acesso instantâneo a qualquer conteúdo, em qualquer momento e em qualquer lugar do mundo.

Nessa constante evolução, não conhecemos ainda todas as fórmulas e conceitos. Novos modelos de negócios são criados diariamente e vários deles não resistirão ao próximo ciclo de planejamento (que de anual tende a ser diário). Nesse ambiente, valoriza-se a facilidade em desaprender e em perceber quais tecnologias e usos, de fato, vigorarão e ganharão a preferência dos usuários. Trata-se de um grande “lego”, onde todos têm a oportunidade de agregar blocos, que nos levarão a uma nova realidade, a que certamente ainda não estamos preparados. Então a palavra dessa época de conectividade é aprendizado e flexibilidade para poder surfar nessas novas tendências!

segunda-feira, maio 05, 2008

Internet para música?


Outro dia, enquanto comprávamos alguns CDs pela Internet, meu filho comentou que os preços dos CDs estavam baixando fortemente. Acredito que esse fato seja explicado pelo momento de ruptura que a indústria fonográfica vive, onde a fase do CD está acabando e provavelmente será substituída pela aquisição eletrônica de músicas individuais ou então de shows e vídeo clipes no lugar da música somente.
O fato de estar adquirindo músicas pela Internet, com meu filho ao lado, serve para ilustrar vários pontos, entre eles a questão da anti-pirataria e do exemplo contido no fato de estarmos pagando pelas músicas que estávamos adquirindo, mas gostaria de me ater especificamente à questão da distribuição de músicas e da dependência que a maioria dos artistas têm para com as gravadoras, distribuidoras, rádio e TV.
Ouço dois podcastings excelentes para conhecer novos músicos e conjuntos, o “Som para Viagem” e o “Café Brasil”, em ambos podemos ter acesso a entrevistas, reflexões e muita poesia, acompanhada de um tipo de música de muito boa qualidade, porém não divulgadas nas mídias tradicionais.
Sabemos que a receita de um cantor vem dos shows que faz e não dos discos que vende, pois nesse canal a maior parte fica para a gravadora e para os diversos distribuidores. Também ocorre que para divulgar em diversas rádios com boa audiência, vários conjuntos têm que pagar – é o que se chama de “jabakulê” ou simplesmente “jabá”. Ora temos aqui o ambiente ideal para que haja uma ruptura no modelo convencional de negócios. Com as novas tecnologias, é muito mais acessível a montagem de um estúdio de gravação de CDs (chamados home-estúdio).
Esse é o cenário que temos assistido freqüentemente, conjuntos lançando-se de forma independente, sem contar com a ação das gravadoras existentes, e distribuindo seus discos exclusivamente através da Internet ou em venda direta em shows. Em alguns casos consegue-se chegar a marcas interessantes através desses canais, onde vários músicos têm relatado terem ultrapassado a marca dos 200.000 discos através da venda pela Internet apenas, e sem investir um único centavo na mídia televisiva e de rádio e criando independência das gravadoras. Além de mais barato e de permitir maiores margens, também cria independência quanto ao estilo, pois ficam imunes às pressões da mídia para que gravem determinados estilos de música, mais populares e comerciais, garantindo com isso trabalhos autênticos e que realmente expressem a vontade do artista. E viva a Internet!