domingo, novembro 21, 2010

MVNO no Brasil



Foi apresentado para o conselho diretor da Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) no último dia 4, o texto final do regulamento do que será o modelo de MVNO para o mercado brasileiro. MVNO significa (Mobile Virtual Network Operator), é um modelo no qual permite-se que haja uma oferta de telefonia móvel, através de uma empresa ou instituição que não detém rede ou autorização para operar uma rede de telefonia móvel celular. Ora, mas se a empresa que vai oferecer o serviço móvel celular não possui rede ou autorização de operação como ela consegue ofertar o dito serviço? É aí que entra o termo “Operador Virtual” pois o que acontece na prática é que esta empresa adquire capacidade ou tráfego de uma operadora tradicional e revende para o mercado com a sua marca inclusa.
Vem da Inglaterra talvez os dois modelos mais bem sucedidos do mundo, o da Virgin e o da Tesco, que juntos já possuem mais de seis milhões de usuários de telefonia móvel, e servem de modelo para o funcionamento do MVNO. No primeiro caso, a Virgin, marca voltada para o mercado musical, aproveita sua força junto ao público jovem, com quem se identifica, oferecendo um serviço de telefonia móvel celular com esta marca. Já a Tesco usa além de forte marca do varejo, também sua força na logística, constituindo um forte canal de venda e de distribuição, que acaba representando conforto para seus usuários de telefonia móvel celular, que além de possuírem pontos de venda em praticamente qualquer lugar também enxergam no serviço uma forma de recompensa nos moldes dos programas de fidelidade, que ao invés de oferecerem milhas, oferece minutos para serem usados em sua rede de telefonia móvel.
No Brasil, como não vem sendo utilizado, o modelo ainda não se mostrou impactante para o mercado, mas podemos antever que ele represente uma oportunidade para as operadoras acessarem alguns nichos de mercado ainda não explorados adequadamente, e que poderão ser alcançados através de marcas parceiras, ou mesmo uma ameaça, caso as ofertas MVNO se sobreponham aos mercados já operados. Só o futuro ao final dirá qual a contribuição deste modelo para nosso mercado, eu fico no lado da torcida que espera que isso nos ajude a desenvolver ainda mais nosso crescimento da indústria proporcionando cada vez mais facilidades aos clientes deste, que já representa o quinto maior mercado mundial de telefonia móvel celular.

domingo, novembro 07, 2010

Conteúdo antes do meio


Nesta semana, no feriado de finados, comemoramos 90 anos da primeira transmissão de rádio comercial no mundo (rádio KDKA em Pittsburgh EUA), que naquela data transmitia o resultado das eleições. Menos de três anos depois, em 20 de abril de 1923, Roquette Pinto inaugurava a primeira rádio brasileira, tratava-se da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que nesta mesma data transmitiu a brilhante visão de futuro de seu fundador: “Todos os lares espalhados pelo imenso território do Brasil receberão livremente o conforto moral da ciência e da arte. A paz será realidade entre as nações. Tudo isso há de ser o milagre das ondas misteriosas que transportarão, no espaço, silenciosamente, as harmonias. Que incrível meio será o rádio para transformar um homem em poucos minutos, se o empregarem com alma e coração!”
Estupenda visão de Roquette Pinto que, mesmo achando as ondas de rádio “misteriosas” já vislumbrava o potencial transformador da comunicações na vida do homem moderno.
Nos mais de vinte anos em que atuo com tecnologia, já vivenciei os mais ardorosos debates sobre as tecnologias que predominariam no futuro próximo (ATM x IP, cable modem x ADSL, GSM x CDMA e mais recentemente na discussão do padrão a ser adotado para a TV digital no Brasil: SBTVD x DVB), sendo engenheiro não tenho como me furtar da obrigação de conhecer as diferenças entre cada tecnologia e possuir também meus argumentos de defesa em prol de uma ou outra, mas sempre achei muito mais importante a discussão sobre o conteúdo que se será transmitido sobre estas tecnologias. Entendo que aí more o segredo de uma possível evolução para nossa sociedade.
Não precisamos ir muito longe para nos depararmos com aplicados profissionais que defendam que a banda larga deva se consagrar através das tecnologias sem fio (celulares ou não) enquanto que uma outra grande porção de estudiosos defenderá com igual fervor a utilização das redes de cabos metálicos ou de fibra ótica para este fim. Eu, de minha parte, fico pensando como podemos fazer com que os outros 180 milhões de brasileiros excluídos do acesso banda larga possam começar a ter acesso a esta, que promete ser uma das tecnologias com maior poder transformador dos últimos tempos, talvez consigamos alcançar este patamar esquecendo-nos das defesas individualizadas e partindo para soluções compostas e mais criativas, que lancem mão de todas as tecnologias disponíveis, mas que não se esqueça que não basta poder transmitir, há que se cuidar também, e principalmente, do QUE transmitir.
Neste sentido meus amigos, temos que reservar tempo adequado e de qualidade, para discutirmos políticas de inclusão de bons conteúdos, de produção e de estímulo para criação de conteúdos com potencial de melhorar nossa população. Entendo ser esta uma pauta tão ou mais importante do que a dúvida sobre qual tecnologia prevalecerá em redes futuras.
Em tempo, Edgar Roquette Pinto era médico legista, antropólogo, etnólogo, ensaísta e professor, um homem interessadíssimo no desenvolvimento de nossa sociedade.