terça-feira, junho 12, 2007

Tudo ao mesmo tempo


Outro dia, em uma reunião na escola de meus filhos (que saudades dos tempos em que podíamos chamar esses encontros de reuniões entre pais e mestres, e olha que de nosso lado continuamos sendo pais...) ouvi que a escola recomendava que as tarefas ou lições de casa fossem feitas em um lugar calmo da casa, onde não houvesse distração com outros temas, e que o livro ou o caderno não estivesse rivalizando com TVs, rádios, outras conversas e etc.
Consigo enxergar a lógica desse conselho, mas fico me perguntando se o mundo que mostram aos nossos filhos diariamente realmente existe. Não falo de valores, pois esses são necessários, e têm sobrevivido ao tempo na maioria das vezes. Falo de forma, de como encarar o mundo, de enxergar um adolescente hoje com os mesmos olhos que nossos pais e mestres nos enxergavam trinta ou quarenta anos atrás.
Muita coisa mudou, e independentemente de acharmos que foi para melhor ou para pior, torna-se perda de tempo termos atitudes de avestruzes, construindo castelos no ar e imaginando que as crianças de hoje morarão nele. Isso só faz aumentar a distância entre o mundo real e o que idealizamos ou mesmo entre o mundo real e o que achamos que ainda existe. E na minha opinião, que não sou especialista em educação, sou apenas pai, acho que essas situações vão mostrando a nossas crianças que é assim mesmo, existe o mundo real, onde habitamos, nos comunicamos (de todo o jeito e ao mesmo tempo, através de todas as formas possíveis e imagináveis, cada vez mais e cada vez ao mesmo tempo) e existe o mundo pensado na teoria, onde é cada coisa a seu tempo, cada coisa no seu lugar, onde se pede a licença para falar levantando-se a mão, onde somos preparados para responder e não para questionar (apesar que depois de adultos somos cobrados exatamente pela nossa capacidade de questionar e por fazer várias coisas ao mesmo tempo, e tudo cada vez mais rápido e com mais qualidade).
Se queremos nos aproximar mais da escola, é fundamental que nesse ambiente se reflitam situações reais e que expressem o mundo atualmente, não aquele idealizado em nossas cabeças e nos livros. Sob pena de continuarmos pregando no deserto com relação ao que devemos e não devemos fazer, em se tratando de comunicação e de jovens.

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