domingo, dezembro 24, 2006

LapTop de US$ 100 chega ao Brasil


Chegaram ao Brasil os primeiros LapTops do programa OLPC (One Lap Top per Child http://www.laptop.org/index.pt_BR.html), criado pelo Cientista da Computação Nicholas Negroponte. Enganaram-se os que diziam que não seria possível a entrega da promessa do LapTop de cem dólares, destinado ao nobre princípio da inclusão digital. Os equipamentos já se encontram em fase experimental com crianças, isso mesmo, com crianças, pois nada melhor para efetuar esses testes do que os próprios usuários para os quais ele foi desenvolvido. Chegaram nessa semana que antecede ao Natal, em torno de cem computadores portáteis, e foram distribuídos para universidades em todo o País, para a fase de testes, mas as primeiras impressões foram extremamente positivas. As máquinas se mostraram com bateria adequada ao uso escolar, a qualidade da tela impressionou pela definição apresentada, a velocidade de acesso aos aplicativos foi muito boa e o dispositivo para acesso à Internet sem fio funcionou perfeitamente.
Parece que estamos um pouquinho mais perto do sonho de diminuir a cruel exclusão que aflige aos países em desenvolvimento, em especial a exclusão causada pelo acesso quase inexistente das populações mais pobres aos recursos educacionais mais avançados.
Que esperamos de futuro, se a maioria de nossos jovens, somente têm acesso à educação básica escolar? Na grande maioria das vezes em escolas municipais ou estaduais, que apesar do esforço do corpo docente ali existente, normalmente não conta com recursos educacionais que possibilitem uma familiaridade maior de nossas crianças com aquelas ferramentas que poderiam acompanhá-las a vida toda, tornando seu processo de aprendizado mais fácil e eficaz.
Pois bem, com essa iniciativa do programa OLPC, esse futuro parece estar mais delineado, e começamos a ver uma luz no fim do túnel. Sabemos que, cada vez mais, as profissões criam maior dependência da eletrônica, apoiando-se fortemente nas ferramentas de interatividade e Internet, e ter a parte mais promissora de nossa sociedade, as crianças, alijadas desse processo nunca pareceu fazer sentido. Se conseguirmos dar sustentabilidade a esse programa no Brasil, através de um processo educacional eficiente, manutenção adequada das máquinas e principalmente oferecendo um conteúdo de qualidade, ninguém segurará os nossos profissionais do futuro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Edu, este projeto não me convence. Eu gostaria muito de estar errado, mas não consigo imaginar o governo, em qualquer uma de suas esferas, dando laptops para crianças usarem nas escolas, sendo que a esmagadora maioria dos Estados brasileiros não oferece sequer o material básico (lápis e caderno) para as crianças irem à escola. Como vamos pular de uma situação “sem lápis e caderno” para o laptop?
Esta situação até poderia ser contornada, nada que muito investimento e vontade política não resolvam, mas mesmo assim, é claro que antes do material didático (notebook, livro, caderno, lápis), existe uma série enorme de fatores inerentes à própria escola, como instalações físicas, salários e preparação adequada dos professores, que são muito mais importantes e influentes no processo de aprendizado.
Além disso, fatores externos à escola, como saúde, renda, segurança, alimentação, uma família que ofereça suporte, enfim, as condições gerais de vida dos alunos, devem ser levados em conta e são mais importantes do que qualquer método de ensino, pois é mais que óbvio, que se você passa fome, Albert Einstein poderia te dar aulas usando um supercomputador da NASA que você não aprenderia nada.
O link abaixo é de um artigo de Gilberto Dimenstein que ilustra muito bem esta situação. Vale a pena ler:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult508u334.shtml

A única solução para esta situação está no crescimento econômico, no nosso caso num crescimento econômico exuberante, aliado a reformas profundas no setor público, e a uma distribuição mais justa de renda, e se depender de nossa classe política, eles irão trabalhar duro para que isto não aconteça! Ah como eu gostaria de estar errado...

Edu@rdo Rabboni disse...

Dênis obrigado pelo comentário, concordo com você que somente a parte das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicações) não resolverão o problema. Sabemos que trata-se de um tripé (TIC, economia e educação) isso sim alavanca a inclusão social (que contém a inclusão digital).
O Dimenstein é uma mente privilegiada e seu trabalho no Cidade Escola Aprendiz é digno do mais alto respeito. Mas tenho outro foco de atenção no artigo citado por ele. Não se almeja igualar ou mesmo superar a performance dos alunos do Porto Seguro pelos alunos da Escola da Comunidade (acho mesmo que isso não seria sensato)mesmo que tenham acesso ao mesmo sistema de ensino, pois sabemos que a distância que separa essas duas realidades é enorme. O que deve ser ressaltado nesse exmplo, é o quanto os alunos melhoraram por participarem desse projeto. O quanto eles ficaram mais longes de um destino eventualmente não tão glamoroso quanto o que espera os alunos de escolas como o Porto Seguro.
Também concordo com você que somente fornecer os LapTops não resolve o problema. Mas o que festejo é que estejamos nos preocupando em oferecer o acesso a essa tecnologia mesmo assim, pois sabemos que essa não é condição suficiente, porém é necessária, e mesmo em países que possuem os outros dois pilares resolvidos (educação e economia) ainda assim o programa OLPC se faz necessário, pois milhões de crianças estão alijadas nesses países de um processo mais abrangente de inclusão digital.
Acho que devemos desenvolver esses temas paralelamente, tecnologia (acesso a ela), economia, educação, segurança, saúde, etc,etc, mas no estágio em que estamos como sociedade, não podemos nos dar ao luxo de fazer uma coisa por vez...não dá tempo.
Valeu pelo comentário, sinta-se em casa no MundoConectado.