segunda-feira, julho 30, 2007

A simplicidade é a sofisticação máxima


Todos sabemos a importância da simplicidade em nossas vidas, o que me surpreendeu foi deparar-me com essa máxima de que “a simplicidade é a sofisticação máxima” em uma exposição de Leonardo da Vinci. Essa frase veio provar que há quinhentos anos atrás já existiam mentes brilhantes preocupando-se em simplificar métodos, processos e tecnologia.
É inegável que a função maior da tecnologia seja simplificar nossas vidas, dando-nos mais tempo disponível, melhorando nossa qualidade de vida e tornando-nos mais eficientes. Também é inegável, no entanto, que o mau uso da tecnologia pode provocar exatamente efeito inverso. Diariamente somos obrigados a apagar e-mails que nos chegam sem que tenhamos enxergado nenhuma utilidade para os mesmos. Entrei em uma agência do Banco do Brasil, totalmente automatizada, da retirada da senha ao atendimento personalizado, e depois de ficar mais de uma hora esperando para ser atendido, recebi a informação que a operação que esperava fazer não era possível de ser feita na agência. Assistimos atônitos, um mau uso da tecnologia provocar a morte de duas centenas de vidas, no maior desastre aéreo que o Brasil já vivenciou, e na seqüência temos sido informado através de vários termos técnicos, que o acidente era inevitável.
Isso serve para nos mostrar que, apesar de ser o maior desejo de todos, nem sempre é fácil utilizar-se da tecnologia para simplificar nossas vidas, pelo contrário facilmente gastamos um tempo enorme em uma agência bancária totalmente automatizada (nesse caso a tecnologia foi utilizada para simplificar a vida do banco e não a nossa). E a tecnologia da informática, por vezes nos atrai tanto que corremos o risco de passamos mais tempo sobre o computador do que gastaríamos se fizéssemos determinadas atividades de forma manual. E no caso do caos aéreo que assola nosso País, é uma salada de erros, alguns inclusive de tecnologias ultrapassadas, outros de mau uso, outros de treinamento inadequado, para não citar os que fogem dessa esfera como a incompetência administrativa dos órgãos que atualmente estão a frente da aviação brasileira e controle dos aeroportos.
Pensando que o gênio mais brilhante que nossa era conheceu já estudava meios mais simples e seguros de automatizar tarefas, de voar de construir máquinas, fica-me a impressão de que, em alguns casos, estamos demorando muito a aprender.

2 comentários:

Unknown disse...

Esse tema me interessa muito. Vejo dois aspectos importantes: um deles é a tendência que as pessoas tem a "endeusarem" a tecnologia, e o outro tem a ver com o próprio conceito de usabilidade.

Li em algum lugar que as pessoas comuns "endeusam" a tecnologia, porque se sentem impotentes frente a algo que desconhecem. As reações frente ao desconhecido variam: alguns sentem medo, outros são atraídos pela curiosidade. Entre os que sentem medo, parte combate a novidade (os "luditas"); a outra parte se rende aos benefícios de forma incondicional. É essa rendição que permite que empresas como a Microsoft forneçam software cheio de recursos inúteis e bugs - porque quando algo dá errado, a maioria das pessoas se sente ignorante e acha que a culpa é delas, e não do programa.

Já a questão da usabilidade passa pela própria cultura da engenharia. Não existe ainda uma preocupação com a usabilidade como disciplina. O foco é sempre nas questões técnicas da implementação; a usabilidade muitas vezes nem é lembrada. Porém, existem teóricos sérios que defendem que o foco na usabilidade passe a fazer parte dos processos de engenharia, desde a concepção do produto.

Gostaria de poder trabalhar mais com a questão da usabilidade, porém, no Brasil, não há mercado para isso ainda. O problema não é levado suficientemente a sério. Há livros excelentes sobre o tema, como "The Psychology of Everyday Things", que estuda o problema a fundo. Outros autores interessantes são o Jakob Nielsen, que trabalha muito com a usabilidade de sistemas; e Edward Tufte, que trabalha muito com a visualização de informação. É um campo de estudo fantástico.

Edu@rdo Rabboni disse...

Carlos, obrigado pelo comentário. De fato a usabilidade é importantíssima e certamente faltam aprofundamentos maiores nessa disciplina no Brasil. Em alguns mercados, o de mecânica automobilística por exemplo, ele existe desde a década de 80 pois lembro-me de tê-lo estudado na faculdade, em aulas de mecânica no ciclo básico da FEI. Acho que o que mais atrai nessa disciplina, é que assim como o desenvolvimento de produtos de forma geral, nunca se sabe com exatidão o que vai ou nào funcionar, existem teorias e estudos que nos dão um guia, mas no fundo, só com o lançamento do produto para vermos se o que foi previsto de fato funcionará ou não. Nesse sentido temos os extremos como o NGage da Nokia, que nunca decolou e o Ipod, que nem precisa de explicação.