Há algum tempo atrás, durante uma reunião preparatória a uma viagem que meu filho faria pela escola, ouvi do diretor da escola a afirmação de que em função das fotos serem atualmente digitais, e que portanto não necessitavam de revelação em papel fotográfico para serem vistas, acabava por levar as crianças a baterem muito mais fotos do que o necessário. Que aquela preocupação sobre qual recordação levar registrada em nossas fotos havia acabado, e que no seu lugar havia uma despreocupação com o fato, pois com as imensas capacidades de armazenamento das máquinas de hoje, podemos armazenar centenas de fotos sem nenhum custo adicional, e depois as vemos no computador, sem necessidade de gastarmos com a revelação.
Apesar de concordar que com o barateamento do processo e também com a facilidade de gravar quantas fotos quiser e depois simplesmente apagá-las, ficou muito mais fácil a vida dos fotógrafos amadores, e me incluo nessa categoria sem dúvida, mas confesso que a constatação de que o ato de fotografar evoluiu para algo inconseqüente me incomodou um pouco, primeiro porque a emoção que queremos guardar para sempre não mudou em função do avanço tecnológico, e assim continuamos guardando na lembrança, através de fotos (digitais ou não) os aniversários de nossos familiares, passeios, aquelas férias que deixarão saudades, os primeiros passos de nossos filhos, nosso primeiro carro, enfim tudo que entendemos como importante o suficiente para levarmos para o futuro através de uma boa fotografia.
Entendo que com o avanço das facilidades e da tecnologia passamos a ter a opção de utilizarmos as mesmas técnicas de fotógrafos profissionais, que fotografam dezenas e até centenas de vezes mais que o necessário para poderem depois escolher dentre as várias fotos, as que realmente são as melhores, e essas sim merecerão serem mostradas, guardadas e eventualmente até impressas para manuseio em álbuns de família, sem mudar uma vírgula o hábito dos antigos fotógrafos de outrora.
Essa visão da tecnologia nos ajudando a mantermos os bons hábitos, de forma facilitada e seletiva me agrada mais que a banalização dos melhores momentos de nossas vidas, pelo simples fato de que “ficou mais fácil”. Então click, e tenho dito!
Apesar de concordar que com o barateamento do processo e também com a facilidade de gravar quantas fotos quiser e depois simplesmente apagá-las, ficou muito mais fácil a vida dos fotógrafos amadores, e me incluo nessa categoria sem dúvida, mas confesso que a constatação de que o ato de fotografar evoluiu para algo inconseqüente me incomodou um pouco, primeiro porque a emoção que queremos guardar para sempre não mudou em função do avanço tecnológico, e assim continuamos guardando na lembrança, através de fotos (digitais ou não) os aniversários de nossos familiares, passeios, aquelas férias que deixarão saudades, os primeiros passos de nossos filhos, nosso primeiro carro, enfim tudo que entendemos como importante o suficiente para levarmos para o futuro através de uma boa fotografia.
Entendo que com o avanço das facilidades e da tecnologia passamos a ter a opção de utilizarmos as mesmas técnicas de fotógrafos profissionais, que fotografam dezenas e até centenas de vezes mais que o necessário para poderem depois escolher dentre as várias fotos, as que realmente são as melhores, e essas sim merecerão serem mostradas, guardadas e eventualmente até impressas para manuseio em álbuns de família, sem mudar uma vírgula o hábito dos antigos fotógrafos de outrora.
Essa visão da tecnologia nos ajudando a mantermos os bons hábitos, de forma facilitada e seletiva me agrada mais que a banalização dos melhores momentos de nossas vidas, pelo simples fato de que “ficou mais fácil”. Então click, e tenho dito!
6 comentários:
Edu
Essa é realmente uma questão interessante. Com a facilidade proporcionada pelas câmeras digitais, a gente hoje tira facilmente centenas ou até milhares de fotos em uma viagem ou um passeio.
Entretanto, como vc destacou, é preciso fazer uma seleção dos "melhores momentos" para efetivamente guardar aquelas que merecem ficar "para a posteridade" e apagar as demais fotos.
Normalmente dá muito trabalho e consome o nosso tempo e paciência. Algumas fotos precisam de algumas melhorias, como acertar o brilho, melhorar o enquadramento ou até mesmo tirar algum detalhe que não devia estar presente na foto. Essa limpeza é necessária, sem dúvida.
Dessa maneira, conseguimos montar e manter um álbum digital com as boas recordações de nossas vidas.
Entretanto, acho que nem todos tem essa paciência. Já conversei com muitas pessoas que dizem não apagar nenhuma foto que tiram. Guardam tudo. Fotos escuras, desfocadas, repetidas. Guardam milhares e milhares de fotos nos HDs de seus computadores ou em CDs ou DVDs.
Na hora de mostrar para alguém uma foto é uma agonia. Aquela fotografia sensacional, que foi tirada, de um evento que não se repetirá nos próximos 50 anos, está guardada junto com outras tantas e leva uma eternidade até ser encontrada.
Isso só não é pior do que quando o amigo resolve te mostrar todas aquelas fotos sensacionais que ele tirou na festa do batizado da filhinha da prima do vizinho. Aí vc passa os minutos mais entediantes das sua vida vendo fotos e mais fotos que não acabam nunca.
Outro problema é quando alguém resolve te mandar algumas fotos por e-mail. Eles não tem o bom senso de preparar uma versão reduzida das fotos, com uma menor resolução e tamanho. Anexam as fotos ao e-mail, no formato original que saiu de sua nova camera digital de 12 MegaPixel, que gera arquivos de 5 MB para cada foto tirada na resolução máxima (é claro).
Sua caixa de entrada de e-mail transborda, fica entupida com todas aquelas fotos sensacionais...
A tecnologia, em princípio, serve para criar recursos que facilitam a vida de todos nós. Mas tem gente tem que saber usar bem, senão acaba é complicando...
A profusão de mídia digital cria uma situação bizarra. Nunca foi tão fácil gravar uma música - basta copiar um arquivo. Nunca foi tão fácil organizar as suas fotos - existem mil e um programas para isso. Porém, a impressão que eu tenho é que cada vez menos gente faz isso.
O problema chama-se "information overload" e é composto de dois elementos. À facilidade de obter informação (fotos, música) soma-se a compulsão em obter e guardar o máximo possível. Acho que a semelhança com a obesidade não é mera coincidência.
A raiz biológica da obesidade é simples. Alimentos ricos em açúcar e em gordura são raros na natureza. Um homem pré-histórico tinha que aproveitar cada oportunidade que tivesse de consumi-los. As pessoas não ficavam obesas porque a oferta era limitada e porque o demanda era bem mais alta - afinal, matar um mamute consome muito mais calorias do que ir ao supermercado de carro.
De certa forma, acho que o problema do "information overload" tem a ver com isso. Obter informação sempre foi complicado. Recuperar informação perdida, então, nem se fala. Acho que somos mal equipados para descartar algumas coisas da nossa vida. Por isso a tendência de acumular coisas. Por isso ninguém descarta as fotos... e por isso ninguém se dá ao trabalho de reduzi-las. Não só porque não sabe como fazer, mas porque o próprio conceito de "cortar" algo parece incomodar as pessoas.
Talvez as futuras gerações estejam evolutivamente melhor equipadas para lidar com isso. Não por causa dos genes, mas por causa dos memes... que podem ser tão efetivos quanto os genes para moldar nossa personalidade. Vejamos daqui a 20 anos.
Mau obrigado pelo comentário, de fato existe muita utilização errada das fotos digitais. Já li que a Kodak lançou um software que reproduz em cada foto a informação de local onde a mesma foi tirada, assim podemos fazer uma busca em nosso HD das fotos tiradas em Parati nas férias de 2005 por exemplo, o sistema é baseado em GPS. Também desenvolveram outro software que reconhece a fisionomia das pessoas, permitindo-nos encontrar todas as fotos em que determinada pessoa apareça. Agora de nada adianta essas facilidades se não apagarmos as dezenas de fotos inúteis de nosso HD, e pelo amor de Deus, que sejamos poupados das demonstrações infindáveis de fotos de quem sequer conhecemos...!
Valeu pelo post Carlinhos. O interessante nesse hábito de acumular, acumular e acumular, é que normalmente não se dá ao trabalho de ver ou ouvir o que de acumula. Diferentemente de um LP comprado "suadamente" com a mesada (alguns álbuns pediam duas mesadas), podemos baixar centenas de músicas da net e nunca sequer ouví-las, e quando nosso HD encher, é mais fácil trocá-lo por outro maior, pois o byte custa cada vez menos...Não sei porque fazemos isso...acho que vc tem razão, a culpa é dos mamutes :-)
Meu querido irmão, outro dia li uma frase de um fotógrafo brasileiro, José Medeiros e esta tem me acompanhado diariamente.
'' Fotografamos o que vemos e o que vemos depende do que somos''
Ou seja, a beleza das fotos profissionais vão além de um bom equipamento ou qualquer software, como você citou, são recursos que temos acesso hoje em dia, mas o registro especial, depende do olhar do fotógrafo, do sentimento daquele que enxerga com o coração.
O Blog continua show, parabéns.
Boa noite Xandão, valeu pelo comentário. Como fala o Motomura, tecnologia para quê? De fato só serve para facilitar a vida e nesse caso a arte. Lembrando que " o que vemos depende do que somos" , vale também para os não fotógrafos, que apenas apreciam as fotos profissionais não é mesmo?
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