segunda-feira, dezembro 17, 2007

Big Brother


A partir de 2008 os automóveis de São Paulo receberão um chip de RFID (Identificação por Rádio Freqüência), onde constarão o número do chassi, registro de licenciamento, nome do proprietário, endereço e etc. Também serão instaladas 2.500 antenas na cidade, de forma que se tenha uma boa cobertura de sinal, assim será possível identificar se um automóvel está se deslocando em dias e horários permitidos (sistema de rodízio que é utilizado em São Paulo para melhorar o trânsito) sem que se dependa de um guarda de trânsito que supervisione, o que permitirá o monitoramento de todos os carros em circulação, sem exceção. Poderemos averiguar se os documentos estão em ordem, se existem taxas a serem pagas (multas, licenciamento ou IPVA, por exemplo), também será possível a verificação de velocidades e se o veículo está trafegando nas pistas adequadas. Esse sistema deverá permitir uma melhor adequação do trânsito em São Paulo, cidade onde isso é mais necessário, mas a lei é nacional, e todas as cidades do Brasil deverão se adaptar.
Apesar dos benefícios de tal sistema, ficamos a matutar a respeito do efeito “Big Brother”, ou seja, estaremos sendo monitorados o tempo todo, para qualquer lugar que nos desloquemos com nosso veículo. Já tínhamos o aparelho celular que em várias situações permite a mesma funcionalidade de localização. Percebo que algumas crianças na escola de minha filha já utilizam sistemas de rastreamento pessoais, que permite aos pais, saberem onde elas estão, também nossos veículos agora terão dispositivo semelhante. Por uma questão de segurança, alguns veículos recebem um rastreador, que permite que seja averiguada a posição exata do veículo pela Internet. Será que no futuro não teremos mais nenhuma privacidade? Já li vários artigos citando o chip pessoal, que seria um substituto do RG, as pessoas receberiam um sistema de RFID quando nascessem, que as acompanharia pelo resto de suas vidas, e com isso seria possível identificar imediatamente cada indivíduo, não sendo mais necessário a utilização de outros documentos. Em que pese a praticidade de todos esses dispositivos, acho que é inevitável que apareça um sentimento de invasão de privacidade, estaríamos o tempo todo sendo observados por sistemas rastreadores, ou câmeras, que cada dia se multiplicam mais em nossas cidades. Será que algum dia, antes de nos dizerem bom dia, alguém nos apontará um leitor de código de barra? Espero que até lá, tenhamos desenvolvido o bom senso necessário a uma vida mais equilibrada e mais segura.

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