terça-feira, fevereiro 12, 2008

Mais do mesmo


Uma amiga minha me contava recentemente que ao juntar-se a um grupo que discutia, de forma preocupada, sobre a Febre Amarela, foi motivo de caçoada geral, por não estar totalmente a par da epidemia ou risco de epidemia que estávamos vivendo. Estivesse desatualizada há meses, faria sentido a estranheza, mas tratava-se de uma desatualização de horas ou minutos, provavelmente não havia ouvido rádio naquela manhã ou tido tempo de ler os jornais, pois qualquer jornal aberto, estação de rádio sintonizada, ou mesmo página de notícia da Internet que fosse aberta daria a mesma informação (exagerada por sinal) de que estávamos a beira do caos na saúde!
O que temos assistido com a proliferação dos meios de comunicação e a penetração da mídia de forma geral, é um bombardeio de informações, que nos chega de todas as formas, pelo celular nas mensagens de texto, pelos jornais, rádio, TV, newsletters que recebemos de páginas especializadas através de nossos correios eletrônicos, além dos famosos grupos de discussão do café, famosa rádio peão, que sempre reforça o que já sabemos.
Não quero abordar aqui a questão da privacidade, que também é um problema, pois essas notícias nos chegam em quase qualquer situação, estando trabalhando ou em férias, restando-nos pouco ou nada a fazer. Queria sim discutir a qualidade ou até a variedade das notícias.
Já que receberemos as mesmas notícias, às pencas, de todas as formas possíveis e imagináveis, poderíamos pelo menos ter a opção de escolhermos receber também boas notícias, e não somente aquelas relativas às tragédias, desconfianças e caos urbanos. Já imaginaram como seria agradável se tivéssemos a opção de escolher ou filtrar o tipo de notícia que receberíamos, de forma seletiva e eficiente?
Assim ao invés de receber a notícia de quantas pessoas morreram, poderíamos escolher receber quantas nasceram, gostaria de saber quantas pessoas encontraram uma carteira com dinheiro na rua e a devolveram ao seu dono (apesar de que essa situação, de incomum, já virou notícia também), sabermos quantos assaltos e tragédias foram evitados, sabermos quantas de nossas praias possuem suas águas próprias para banho e não o contrário. Mas como diria Zé Ramalho, esse não é o meu País!

6 comentários:

Maurilio Carneiro disse...

Edu

Acho que eu já consigo fazer mais ou menos isso. Consegui um certo grau de blindagem para ver apenas as noticias que me interessam.

Grande parte dos sites atuais já disponibilizam acesso em RSS. Dessa maneira, usando os programas leitores correspondentes, eu posso filtrar as noticias que sob meu critério valem a pena serem lidas.

É claro que não dá para fazer isso com a televisão ou o rádio. Mas existe uma solução bem simples também. Basta não ligar....

Anônimo disse...

Jaca,

Eu tenho me perguntado constantemente como filtrar a informação que recebo. Voltei um pouco atrás e me perguntei, de tudo que recebo, qual informação é a melhor.
A minha conslusão para a segunda pergunta foi que são pessoas. Pessoas com quem convivo e conheço são a melhor fonte de informação corriqueira (as vezes até não só a corriqueira) que obtenho.
Não tenho a mínima idéia de como filtrar o que recebemo nem de como potencializar o que vem das pessoas do meu convívio. Mas continuarei pensando nisso.
Ps: o rss não deu certo pra mim... hehehehe

Edu@rdo Rabboni disse...

Maurílio, obrigado pelo comentário. Eu pensava em um filtro de conteúdo que pudesse selecionar inclusive a abordagem e não somente a notícia. Uma notícia de uma tragédia pode ter uma abordagem mais precisa em um jornal de primeira linha por exemplo e uma abordagem mais sensacionalista em um jornal de segunda linha, apesar de ser a mesma notícia, seria interessante se pudéssemos selecionar inclusive a abordagem. Por conta das RSS e conhecendo um pouco as fontes de onde buscamos informações podemos nos aproximar disso, você tem razão, mas mesmo assim o trabalho de filtro que temos que fazer é razoável, pois chega-nos muita coisa que não interessa. Mas a vida tecnológica é assim mesmo, vamos aprendendo com o tempo como tirar os melhores proveitos das tecnologias que temos disponíveis não é? Pior de quem nem preocupado em fazer melhor está certo? Abraço

Edu@rdo Rabboni disse...

Legal a sua idéia Carulla, ao invés de me preocupar com a tecnologia, preocupar-me com a pessoa que a transmite. Isso me fez pensar que o melhor filtro que podemos ter é o estado de espírito que ficamos após recebermos a notícia. Se nos sentimos bem após recebê-la sinal verde para a fonte, se por outro lado nos sentimos mal, nos sentindo mais baixos que umbigo de cobra, então está na hora de trocar a fonte de nossas notícias (seja essa fonte humana ou não) correto? Abraços

Unknown disse...

Eduardo,

Me identifiquei com a sua preocupação em não poder filtrar o que me chega a guisa de informação. O exemplo mesmo que vc usou no post original é de uma informação falsa disseminada e alardeada pela tal imprensa de primeira linha, evidentemente, não com a intenção de informar, mas de fazer a nossa cabeça. Dados do Datasus (rolam pela rede e eu fui conferir) indicam que a incidência de febre-amarela está MUITO abaixo da média dos últimos 10 anos. Eu uso o recurso do RSS como o Maurílio indicou mas, quando a informação é importante, procuro checar em mais que uma fonte. Isso realmente dá um trabalhão e não é viável a todo momento. Acho que ainda vamos esperar bastante por um filtro por assunto, abordagem, intencionalidade, etc. Meus amigos são realmente boas fontes, mas não vou trocá-los se me vierem com uma notícia ruim...
Abraço

Edu@rdo Rabboni disse...

Valeu pelo comentário Rodrigo! Veja que o mais importante (e infelizmente cada vez mais raro) é o momento de crítica que fazemos para o que nos chega as mãos, desconfiando dos dados ou do assunto e indo em busca de outras informações. O problema é que não são muitos os com visão crítica o suficiente para fazer isso, fora os que nem essa primeira visão errada leem, uma vez que leitura em nosso país é uma exceção, escrita então nem se fala...mas vamos em frente, como fala o capitão Nascimento, ou nos corrompemos, ou ficamos indiferentes ou vamos para a guerra, por isso prefiro a crítica....abraços!