segunda-feira, março 05, 2007

O celular do próximo bilhão


Li uma entrevista do senhor John Chambers, presidente mundial da Cisco, há uns seis anos atrás, que me impressionou muito, dizia que 3 bilhões de pessoas nunca haviam feito uma única ligação telefônica na vida, ou seja, metade da população mundial na virada do milênio, estava de fora do processo de inclusão digital.
Desde essa época venho acompanhando esse processo e reforçando uma tese de que, a inclusão digital também é um caminho para a inclusão social, pois vemos que invariavelmente andam juntas. Nesse período, foram vários os esforços para alcançar o objetivo de transpor o enorme fosso de desigualdade social, representado aqui pela quantidade de pessoas no mundo que nunca tiveram acesso a nenhuma tecnologia de comunicações. A boa notícia é que esse esforço vem dando frutos. No momento em que escrevo esse artigo, já constamos com mais de 2,5 bilhões de aparelhos celulares no mundo. De todas as tecnologias existentes, sem dúvida foi a tecnologia celular a que mais se prestou para a popularização das telecomunicações ao redor do mundo, e caminhamos nos próximos 5 anos para o próximo bilhão de celulares, assim em 2012 já teremos mais da metade do planeta com acesso à tecnologia celular, podendo se comunicar com qualquer parte do globo, instantaneamente.
Lembram-se que quando foi lançada, a telefonia móvel celular era sinônimo de status social, pelo custo que tinha (linha mais aparelho)? Pois então, no Brasil já temos mais de 110 milhões de celulares, mais da metade do país possui aparelho celular em nosso País. Em muitos países emergentes do mundo, o que se vê é um movimento similar que faz crescer rapidamente a cobertura celular na Ásia e África, não só através de ações assistencialistas dos governos, mas principalmente através da iniciativa privada, que vem encontrando alternativas economicamente sustentáveis para implantar a tecnologia celular em países em desenvolvimento.
O aparelho celular deixou de ser símbolo de status e assumiu papel importante como ferramenta de desenvolvimento social e econômico.
Não há dúvida que nesse processo de desenvolvimento do mercado celular, também surgiram algumas formas não ortodoxas de incentivos. Aqui no Brasil existe um desequilíbrio de receitas, que faz com que as operadoras de telefonia fixas banquem parte do custo das redes móveis celulares, mas já está provado que é possível desenvolver o mercado, desenvolver a região em que se está inserido e ainda fazer isso de forma sustentável, basta trabalhar no modelo mais adequado. Então caminhemos para o nosso próximo bilhão de celulares!

2 comentários:

Flávio Oliveira disse...

Segundo estudo realizado em 2006 pela consultoria McKinsey, o impacto econômico do celular nos mercados da Índia, China e Filipinas foi quatro vezes maior do que o valor do mercado de celular. Os ganhos econômicos são provenientes principalmente do ganho de produtividade.

Edu@rdo Rabboni disse...

Obrigado pelo comentário Flávio. E quando dizemos que o impacto econômico é quatro vezes maior que o valor do mercado celular, em países como a Índia, temos que lembrar que o ARPU verificado pela Grameen Telecom é um dos mais altos do mundo, fruto do modelo que adotam, onde um pré-pago é compartilhado por várias pessoas.
Não é a toa que o Prof Muhammad Yunus foi prêmio Nobel no ano passado. Abraço