domingo, agosto 06, 2006

O indivíduo hiper-conectado

Outro dia, ouvia em um programa de rádio americano (que aliás eu acesso pela Internet), a importância que a Internet tinha nesses tempos e, que na opinião do comentarista, não se podia mais viver sem ela. Aquela afirmação me incomodou um pouco, ora somos seres humanos e esse relacionamento nosso com algo artificial ser chamado de vital me pareceu no mínimo exagerado, pensei cá com meus botões: nós brasileiros não somos assim...,mas esse pensamento não me abandonou rapidamente, será que não somos mesmo assim?

Hoje o site americano de relacionamento social (Orkut –www.orkut.com) possui a maioria de seus usuários brasileiros(vejam só vocês!), o Brasil também possui a maior quantidade de transações bancárias via Internet do mundo, também possuímos um tempo de navegação (quantidade de tempo que o usuário fica conectado na Internet) maior que o usuário americano, também estivemos entre os primeiros a exigir que a entrega da declaração de imposto de renda se desse totalmente via Internet. Isso para não mencionar os resultados de eleições, que no Brasil temos em duas ou três horas após o término da votação, ao passo que em outros países do primeio mundo levam-se dias para chegarem ao término da apuração. É parece que somos um pouco assim, seria isso ruim?

Ora a substituição do contato humano pelas informatização pura e simples, não é o objetivo buscado por nossa sociedade, estou certo disso, por outro lado sabemos das vantangens intrínsecas que a tecnologia pode, e via de regra trás para o nosso dia-a-dia. Foi-se o tempo em que buscávamos em lojas de discos (alguém lembra-se dos discos de vinil?) aquelas últimas paradas ou lançamentos, e éramos obrigados a levar, junto com as músicas que queríamos, uma série de outras músicas que compunham o disco, atualmente todos os distribuidores e gravadores disponibilizam músicas individuais pela Internet, compro somente a música que eu gosto e monto o disco que eu quiser, na forma como eu quiser.

Esqueceu-se de quem lhe disse sobre determinada receita de picanha no forno na última festa? Ou então não teve a oportunidade de anotá-la? Basta entrar na Internet, e algum site de busca lhe mostrará uma centena de receitas das melhores maneiras de se preparar uma picanha ao forno.

E assim adquirimos automóveis, livros, DVDs, eletrodomésticos, empregos, etc (há até os que acham a cara metade ...), pela Internet, através de programas específicos, onde informamos o que procuramos e o programa nos traz uma pesquisa mostrando os melhores preços para aquele artigo específico, e ainda faz um ranking dos referidos fornecedores, relacionando-os a prazo de entrega, custo de frete e tradição no negócio, o pagamento mais seguro para isso é o cartão de crédito que, apesar de não possuir a melhor segurança do mundo, ainda assim tem o reconhecimento das administradoras de cartão do mundo todo, que sua utilização na internet ainda é mais segura do que quando pagamos nosso restaurante de final de semana e nosso cartão é levado, sabe-se lá para onde, pelo garçon.
Nem começamos ainda a explorar as potencialidades da Internet para a educação, mas dez entre dez educadores do mundo inteiro, reconhecem o potencial da Internet, como agente de universalização do conhecimento para toda a sociedade. Vemos estarrecidos como programas complexos, e por vezes em idiomas diferentes do nosso, são facilmente manipulados por crianças e adolescentes, sem medo de cometerem alguma gafe que desconfigure o computador ou mesmo de chegar a algum caminho que danifique algo no computador. Muito pelo contrário, parece que a Internet e sua linguagem foram feitos para os jovens, tamanho é a naturalidade com que essa interação ocorre.
É claro que o bom bate-papo acompanhado do cafezinho nos dias de semana e da cervejinha aos finais de semana nunca acabará. O ser humano é social por natureza e sempre buscará todas as maneiras de manter-se em contato com o maior número de amigos e pessoas com quem tenha afinidade possível. Então não se trata da tecnologia substituir o contato humano, muito menos subverter o relacionamento tão especial para nós. Não se trata de se colocar ou o desenvolvimento natural da humanidade ou o desenvolvimento calcado no indivíduo hiper-conectado. Não temos essa limitação, então não se trata de termos isso OU aquilo e sim termos isso E aquilo.

5 comentários:

Edu@rdo Rabboni disse...

Você tem toda razão Carulla, primeiro em preferir ler o meu Blog do que tudo o mais que tem na lista de espera, segundo que essa quantidade de informações e formas de estarmos "conectados" tem nos roubado muito de nosso tempo, que poderíamos utilizar para falarmos diretamente com várias pessoas. Vi inclusive um estudo do Gartner, que mostrava o mal que TI tem feito para as empresas, em função dos recursos e facilidades que permite, e do tanto de tempo que nos rouba. Mas como falava meu pai, quem faz mais coisas na vida, são aquelas pessoa que têm menos tempo disponível...assim, não ter muita coisa para fazer, não é sinônimo que faremos algo que presta...Assim encare sua HSM, faça seus dois cursos de duas horas cada que estão carregados em seu HD, dê umas gandaiadas que ninguém é de ferro, e de quebra arrume tempo para os amigos. Um abraço e obrigado pelo comentário!

Anônimo disse...

O interessante é que o ser humano se adapta muito fácil... pelo menos eu. Eu estava de férias e passei a semana do dia 23 a 30 de julho em Natal (RN). Não levei o notebook, até porque não tinha internet nos quartos do hotel. Aproveitei muito com meus filhos e não senti falta de tecnologia... Ao voltar, ainda tive mais uma semana de férias e, em todos os dias, usei internet, li e-mails, entrei em sites, etc. Nesta semana, eu já estou sentindo aquele estresse do qual o Carulla se referia: muita informação e sobrecarga.

O engraçado é que a internet tem me feito muito mais social. A facilidade de comunicação por MSN, Grupos de Discussão, Orkut, etc. possibilitou o reencontro de colegas de faculdade, cada um em uma cidade diferente. Aqui em Uberlândia, eu encontro com freqüência o Luís Santos, é claro. Já o Alaor, raramente. Agora, provavelmente, eu iria passar a vida sem reencontrar alguns dos amigos com os quais estamos tendo a oportunidade de nos comunicar quase que diariamente por um grupo de discussão do MSN. Marcamos até um churrascão de reencontro para o final do mês.
Da mesma forma, eu tenho um tio, tia e 3 primos e seus filhos e esposas morando em Niteroi (RJ). Antigamente, eu os via ou falava com eles 1 vez por ano. Agora, sempre converso com um ou outro, pelo menos 1 vêz por mês. Isso nos aproximou mais e fui passar um final de semana no Rio para encontrá-los.
Converso com a minha esposa e meus filhos pela internet, com imagem e som, sempre que estou viajando. Quando estive na China, conversava com eles diariamente e enviava algumas fotos que havia tirado no dia. Não senti tanto a distância, quanto quando viajava para fora do país em outras oportunidades.
Assim, eu não acho que a internet/tecnologia faz com que sejamos mais fechados, menos sociais. Pelo contrário, eu acho que está aproximando mais as pessoas.
Exemplo disso é este seu Blog, que nos dá a oportunidade de conhecer melhor as opiniões e sentimentos do Rabboni e, tecendo comentários a respeito, conhecer as pessoas que participam. Talvez dependa da pessoa também... sei lá. Tem gente que, já é anti-social por natureza ou por timidez e a internet (chat, e-mail) pode até ser uma forma de a pessoa se soltar mais...

Edu@rdo Rabboni disse...

Eider, acho que aí é que mora a razão! Não em quanto mais informações temos, e sim o que fazemos com ela. É indiscutível que teremos mais e mais acesso a informações, sempre. resta-nos então aproveitar para tirar o melhor proveito disso. Obrigado pelo comentário.

Anônimo disse...

Curiosamente eu estava pensando exatamente nisto esta semana, quando minha filha de 10 anos, cursando a 5a série, me disse que cada aluno de sua turma recebeu seu próprio Notebook e que monitorada pela escola, é claro, teria acesso individual a todas as pesquisas que ela achasse necessária.
A princípio achei muito bom, mas depois fiquei pensando se isto nao irá privá-la da companhia de colegas, de discurtir idéias e até mesmo de curtir boas amizades.
Nos dias de hoje, desde muito cedo somos quase que "obrigados" a estar hiper-conectados. Só assim conseguimos acompanhar o rítmo frenético das informacoes . Até que ponto isto é bom ou ruim, só tempo irá nos dizer.
O que cabe a nós é aproveitar o máximo desta fonte inesgotável que é a internet, sem esquecer de como é bom uma boa conversa.
Parabéns pelo blog.
Shirley Lima

Edu@rdo Rabboni disse...

Obrigado pelo comentário Shirley, e o que me faz ter a certeza de que acertaremos o caminho são manifestações como a sua, que reconhece a importância do acesso a informação,mas que também preza pela qualidade de vida que levamos e que oferecemos a nossos filhos. Uma coisa que tem me ajudado muito nas conversas com meus filhos, é entender o que eles fazem na internet, e falarmos inclusive sobre isso. Melhora o papo e nos deixa mais sossegados, no sentido que passamos a nos aproximar uma pouquinho mais dos mundo deles (dessa vez o mundo virtual).
Um abraço!